Os derivados de petróleo sobem sempre que o câmbio sofre desvalorização (ou seja, o real fica mais barato) e o preço do barril aumenta, explica o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Ontem, o dólar à vista fechou a R$ 5,3848, e o petróleo brent negociado em Londres para outubro fechou a US$ 65,18 o barril. “Estamos vivendo um período eleitoral e há uma confusão muito grande no governo. Acho que vai continuar tendo uma pressão via câmbio”, afirmou.
Na composição do preço da gasolina, a fatia da Petrobras é a maior, com 32,9%. A companhia detinha 98% do mercado de refino até 2019, quando se comprometeu com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a vender metade de suas refinarias. Por enquanto, a única que já foi vendida é a da Bahia, que ficou com o Mubadala, o fundo soberano dos Emirados Árabes.
Manter a paridade de preços internacional é considerado fundamental para atrair interessados para as outras refinarias. Outro fator que reforça a necessidade de reforçar a política da Petrobras de paridade de preços internacionais é o fato de o Brasil precisar importar combustíveis para abastecer o mercado interno. Quase 7% da gasolina consumida no País entre janeiro e junho deste ano veio de fora, afirma a diretora executiva de Downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Valéria Lima. “Não adianta procurar culpar a Petrobras. Certamente o câmbio pressiona bastante, e se estivesse mais baixo, a gasolina também estaria. E isso é resultado da política econômica, afinal, o câmbio reflete nossas condições macroeconômicas”, afirmou.
Há outros determinantes para o preço final, destaca a diretora. Os biocombustíveis, que também são incluídos na mistura final, também subiram – caso do etanol anidro, que é adicionado na proporção de 27% na gasolina comum e representa 15,9% do preço final. As margens brutas de revenda e distribuição, por sua vez, são estimadas em 11,7% do preço final.
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Sempre citado pelo presidente Jair Bolsonaro, o ICMS (imposto estadual) também é vilão no preço dos combustíveis e responsável por 27,9% do valor final. Impostos federais – Cide, PIS e Cofins – representam outros 11,6%. Cada Estado tem competência para definir a alíquota. Segundo dados da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustíveis), ela varia entre 25% e 34% na gasolina, dependendo do Estado.
A gasolina brasileira não está entre as mais caras do mundo. O preço médio mundial, segundo o site Global Petrol Prices, era de US$ 1,20 por litro no dia 16 de agosto e de US$ 1,115 no Brasil – valor sem subsídios e impostos. O mais barato é o da Venezuela, de US$ 0,020 por litro, enquanto o Líbano tem o valor mais caro, de US$ 2,564. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Anne Warth e Marlla Sabino – Estadão Conteúdo
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