Brasil • atualizado em 06/06/2025 às 18:55

Evangélicos crescem e representam mais de um quarto da população

Evangélicos crescem e representam mais de um quarto da população
Evangélicos crescem e representam mais de um quarto da população

A proporção de evangélicos na população brasileira continua crescendo, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento considerou apenas pessoas com 10 anos ou mais de idade e revelou que 26,9% dos brasileiros se identificam como evangélicos, o equivalente a mais de um quarto da população.

Entre 2010 e 2022, os evangélicos foram o grupo religioso que mais cresceu, com um aumento de 5,3 pontos percentuais. Em 2010, esse número era de 21,6%. No entanto, o ritmo de crescimento desacelerou em relação às décadas anteriores: de 2000 para 2010, o crescimento havia sido de 6,5 pontos percentuais, e de 1991 a 2000, de 6,1 pontos.

De acordo com a pesquisadora do IBGE Maria Goreth Santos, “os evangélicos estão se impondo mais na sociedade, colocando mais seus valores, suas ideias, sua fé”.

Pessoas sem religião

Outro destaque é o crescimento do grupo de pessoas sem religião, que passou de 7,9% em 2010 para 9,3% em 2022. Esse grupo inclui ateus, agnósticos e todos que não se identificam com nenhuma fé.

O pesquisador do IBGE Bruno Perez esclarece: “Se a pessoa se declara sem religião, a gente registra assim. Mas não há pergunta que busque especificar o motivo dessa escolha”.

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Matriz africana

O Censo também identificou um crescimento significativo das religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé. Em 2010, apenas 0,3% da população se declarava seguidora dessas religiões. Em 2022, esse número subiu para 1%.

Segundo Maria Goreth, o aumento pode ser reflexo da luta contra a intolerância religiosa, com mais pessoas se sentindo à vontade para declarar sua fé:
Essas pessoas estão se colocando como umbandistas, candomblecistas. Podem ter deixado de se declarar espíritas ou católicas por medo ou vergonha no passado”.

Catolicismo

O Censo 2022 mostra uma queda contínua da população católica. Em 2010, 65% dos brasileiros se identificavam como católicos. Em 2022, essa proporção caiu para 56,7%. A redução é parte de uma tendência histórica registrada desde o primeiro Censo religioso, em 1872, quando os católicos eram 99,7% da população.

Entre as regiões, o Nordeste (63,9%) e o Sul (62,4%) concentravam os maiores percentuais de católicos. Por outro lado, o Norte apresentava a menor proporção, com 50,5%. O estado com mais católicos era o Piauí (77,4%), enquanto Roraima tinha o menor índice (37,9%).

A religião católica é mais comum entre pessoas acima dos 30 anos. Apenas 51,2% dos jovens de 20 a 29 anos se identificam como católicos, enquanto entre os idosos com mais de 80 anos o percentual sobe para 72%.

Evangélicos

Os evangélicos apresentam uma distribuição etária mais uniforme, embora a religião seja mais comum entre os mais jovens. Na faixa dos 10 a 14 anos, 31,6% se declaram evangélicos. Já entre os maiores de 80 anos, essa proporção cai para 19%.

Regionalmente, o Norte lidera com 36,8% da população evangélica, seguido pelo Centro-Oeste (31,4%). Sudeste (28%) e Sul (23,7%) têm índices intermediários, enquanto o Nordeste registra a menor proporção: 22,5%.

O Acre é o estado com mais evangélicos (44,4%), enquanto o Piauí tem a menor taxa (15,6%). Em apenas 58 municípios brasileiros os evangélicos são maioria, com destaque para cidades de colonização alemã e pomerana.

Outras Religiões

As chamadas “outras religiosidades” — como judaísmo, islamismo, budismo e esoterismo — também cresceram: de 2,7% para 4%. As tradições indígenas passaram de 0 para 0,1% da população.

Em contrapartida, o número de espíritas caiu, de 2,1% para 1,8% entre 2010 e 2022.

Roraima é destaque por ter as maiores proporções de pessoas com tradições indígenas (1,7%), outras religiosidades (7,8%) e sem religião (16,9%). O Rio de Janeiro, por sua vez, tem o maior número de espíritas (3,5%).

O Rio Grande do Sul lidera entre os praticantes de umbanda e candomblé, com 3,2%.

Panorama

Religião20102022
Católica Apostólica Romana65%56,7%
Evangélica21,6%26,9%
Espírita2,1%1,8%
Umbanda e Candomblé0,3%1%
Tradições Indígenas0%0,1%
Outras Religiosidades2,7%4%
Sem Religião7,9%9,3%
Não sabe/sem declaração0,1%0,2%

Veja o comparativo das principais religiões no Brasil entre os Censos de 2010 e 2022:

Gênero e raça

As mulheres são maioria entre quase todos os grupos religiosos. Nos evangélicos, por exemplo, elas representam 55,4% dos fiéis. A exceção são os grupos sem religião (56,2% são homens) e os que seguem tradições indígenas (50,9% homens).

Entre os que se declaram pretos, 30% são evangélicos, enquanto 49% são católicos e 12,3% não têm religião. Já entre os pardos, 29,3% são evangélicos, 55,6% católicos e 9,3% sem religião.

O grupo com maior proporção de evangélicos é o dos indígenas, com 32,2%. Ainda assim, 42,7% dos indígenas seguem o catolicismo, e apenas 7,6% seguem tradições religiosas de seus povos.

Escolaridade

Entre os brasileiros com 25 anos ou mais, o grupo espírita tem o maior índice de ensino superior completo (48%), seguido por:

  • Umbanda e candomblé: 25,5%
  • Outras religiosidades: 23,6%
  • Sem religião: 20,5%
  • Católicos: 18,4%
  • Evangélicos: 14,4%
  • Tradições indígenas: 12,2%

Por outro lado, a maior taxa de analfabetismo foi registrada entre aqueles que seguem tradições indígenas (24,6%). Os católicos aparecem com 7,8%, e os evangélicos com 5,4%.


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Altair Tavares

Editor do Ciberjornal que sucedeu desde fevereiro de 2025 todo o conteúdo do blog www.altairtavares.com.br . Atuante no webjornalismo desde 2000. Repórter, comentarista e analista de política. Perfil nas redes sociais: @altairtavares