Ao menos 100 manifestantes continuam na 4ª Região Militar do Exército da cidade e se negam a sair do local
Enquanto a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgava o número de 77 casos de jornalistas agredidos desde 30 de outubro de 2022 no Brasil, nesta sexta-feira (6), o 78º acontecia em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Ataque, feito por bolsonaristas, aconteceu a profissionais de vários veículos durante ação de desmonte de acampamento antidemocrático na cidade. Imagens registradas pela TV Globo mostram que um repórter e um cinegrafista conversavam com manifestantes quando uma mulher, com uma bandeira do Brasil enrolada no pescoço, jogou parte do equipamento no chão. Veja vídeo:
Na ocasião, o jornalista seguiu a mulher, tentando segura-la, mas grupo bolsonarista acabou golpeando os profissionais da imprensa com socos e chutes. Situação causou uma briga generalizada e um jornalista chegou a ser jogado no chão durante a confusão, que só chegou ao fim com a intervenção de guarda municipal.
Informações do G1 deram conta de que ninguém foi preso, mas que os jornalistas agredidos e envolvidos vão registrar boletim de ocorrência. Em nota, a Sempre Editora, responsável pelo jornal “O Tempo”, que teve profissionais agredidos, disse que “repudia qualquer tipo de agressão aos profissionais de imprensa em quaisquer situações”.
“Lamentamos profundamente os atos de violência sofridos por integrantes de nossas equipes de reportagem, um repórter e um cinegrafista, especialmente, que cobriam a retirada do acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em frente à 4ª Região Militar do Exército Brasileiro, na Raja Gabaglia, em ação determinada pela Prefeitura de Belo Horizonte. Neste momento, em conjunto com os profissionais agredidos e com o departamento jurídico, a empresa estuda medidas judiciais cabíveis contra os agressores”, diz a nota.
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A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Alessandra Mello, disse quer a ação da polícia contra os atos de violência: “A gente espera que a Polícia Civil aja de maneira rigorosa para para apurar os envolvidos e punir no rigor da lei. A impunidade é o combustível da violência”.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também publicou nota, confira na íntegra:
“O ano de 2023 já começou com uma onda de violência contra os profissionais da mídia, com o registro de agressões a equipes de reportagem em pelo menos seis estados: Ceará, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e, agora, o segundo caso em Minas Gerais.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) acompanha com preocupação os recentes ataques a jornalistas por parte dos grupos bolsonaristas que, mesmo depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não se desmobilizaram totalmente no entorno de quartéis do Exército. Os acampamentos bolsonaristas viraram zona de risco para profissionais da imprensa desde o resultado do segundo turno das eleições, quando levantamento conjunto da FENAJ e da Abraji apontaram 70 episódios de agressão contra a categoria no país.
Diante do nível de hostilidade dos manifestantes, solicitamos às empresas jornalísticas que pautem a cobertura desses acampamentos somente com a garantia de segurança para seus profissionais.
Também orientamos os profissionais agredidos a registrarem boletim de ocorrência. Pedimos, ainda, que as autoridades de segurança pública estaduais reforcem a vigilância em atos antidemocráticos. A FENAJ já enviou ofícios solicitando providências ao Ministério da Justiça e dando ciência dos casos à Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (Secom). Solicitaremos providências aos governos estaduais e ao Ministério Público Federal”.
Vale lembrar que que essa retirada do acampamento bolsonarista, que está em frente a 4ª Região Militar do Exército de BH desde outubro de 2022, foi autorizada pela Prefeitura da cidade após a escalada da violência e a obstrução das vias pelos manifestantes. Ao menos 100 permanecem, ou permaneciam no local nos últimos dias. Isso por que alguns dos envolvidos se recusam a sair do lugar.
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