O Grupo Editorial Record anunciou neste domingo, 31, que voltou a ter os direitos de publicação da obra de Carlos Drummond de Andrade. A data é significativa, pois se trata do aniversário de 119 anos de nascimento do poeta – ele morreu em 1987. O anúncio oficial foi feito por representantes da editora e da família do poeta em uma Live promovida, na manhã deste domingo, no canal de YouTube da primeira edição do Festival Literário Internacional de Itabira, o Flitabira. Nos últimos dez anos, a obra foi publicada pela Companhia das Letras.
“Havia um vínculo afetivo entre nossa família e da editora Record”, comentou, na live, Pedro Augusto Grana Drummond, neto do poeta e um dos responsáveis pelos direitos do autor, ao lado do irmão Maurício. “Festejamos a reaproximação e o projeto de trabalho apresentado muito bom.”
A obra de Drummond foi, durante décadas, publicada pela José Olympio Editora, que completa 90 anos em 2021. Na década de 1980, os direitos foram transferidos para a editora Record, que logo adquiriu a José Olympio, transformando-a em um de seus selos.
Em 2011, a obra de Drummond se transferiu para a Companhia das Letras, que assinou um contrato de dez anos. Nesse período, foram lançados 54 títulos, incluindo poesia, crônica, diários, antologias e livros infantis. Ao final do período, porém, o acordo não foi renovado, por motivos não divulgados.
“Em nenhum momento desse período, houve alguma ruptura com a família de Drummond, pois sempre existiu um relacionamento de confiança”, comentou Roberta Machado, diretora comercial do Grupo Editorial Record e neta de Alfredo Machado, fundador da editora. “Comemoramos essa volta do Drummond especial pela amizade como meu avô. Aliás, juntos eles plantaram uma árvore, em 1984, que simbolizou essa relação fraterna.
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Segundo Roberta, será montado um conselho para definir todos os detalhes da edição da obra, que começa em 2022 quando serão comemorados os 120 anos de nascimento de Drummond e os 80 da Record. “Vamos plantar uma nova árvore para simbolizar esse novo momento”, disse.
O conselho será dirigido pelos editores-executivos da Record Livia Vianna e Rodrigo Lacerda, que também é escritor. “Nosso principal desafio será conquistar mais leitores para essa obra, que é eterna”, comentou Lacerda, adiantando que será criada uma logomarca para caracterizar os livros. “E será apaixonante esse resgate também por conta dos 90 anos da José Olympio”, completou Vianna.
Segundo ela, Drummond dizia que sua relação com a editora era visceral. “Por isso que vamos lançar edições vintage de livros que foram editados pela JO, resgatando inclusive capas originais”, comentou Roberta Machado.
Entre os primeiros lançamentos, está prevista uma nova edição de Viola de Bolso, título há muito esgotado, o que deverá, aliás, nortear também a volta de As Impurezas do Branco. “Queremos ainda publicar organizações inéditas, trazendo novos olhares e novos recortes, como seleção de crônicas de cinema ou de mistério”, conta Lacerda. “Editar é uma experiência rara, um mergulho na obra que vai além da leitura: o ato de mexer no texto exige uma convivência profunda com o autor. E a gente conhece melhor um escritor pelos seus textos.”
Segundo Pedro Drummond, seu avô aprovaria os planos. “Ele ficaria contente por saber que sua obra será trabalhada por especialistas”, disse. (Por Ubiratan Brasil/Estadão Conteúdo)
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