Natureza • atualizado em 03/10/2023 às 12:43

Mais de 100 botos morrem após água chegar a 40º C no Amazonas

O Lago Tefé, onde estão os animais, também atingiu um dos níveis mais baixos da história
Urubus se alimentam de carcaça de boto em leito de rio ressecado em Tefé (AM). (Foto: Instituto Mamirauá)
Urubus se alimentam de carcaça de boto em leito de rio ressecado em Tefé (AM). (Foto: Instituto Mamirauá)

Mais de 100 botos morreram no Lago Tefé, no Amazonas, o equivalente a cerca de 5% da população local, após a temperatura da água chegar a 40ºC. De acordo com pesquisadores do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, foram 110 animais mortos, incluindo os vermelhos e tucuxis.

Segundo a pesquisadora Miriam Marmontel, do instituto citado acima, a causa oficial da morte dos botos ainda é incerta, mas ela, assim como outros colegas especialistas do seu grupo, acreditam que a mortandade está ligada às altas temperaturas das águas. As informações foram divulgadas pelo O Globo nesta terça-feira (3).

“Estamos enfrentando um evento de mortalidade incomum de botos amazônicos no Lago Tefé – uma situação muito preocupante e grave. Entre sábado (24) e segunda-feira (2), perdemos 110 animais entre botos-vermelhos e tucuxis”, explicou Miriam. A população de botos e tucuxis no Lago Tefé é estimada em 900 e 500 indivíduos.

“A minha impressão é que tem algo na água, obviamente, relacionado à situação de seca extrema, baixa profundidade dos rios e, consequentemente, ao aquecimento das águas. A média histórica da temperatura da água no Lago do Tefé é de 32 graus e, na quinta-feira, nós aferimos 40 graus até três metros de profundidade”, continuou a pesquisadora.

Ainda de acordo com O Globo, que entrevistou os pesquisadores, eles afirmaram que, o fato da água aquecer de forma incomum, isso também pode ter provocado a proliferação de algum organismo que deixou os botos doentes. Antes dos resultados oficiais serem divulgados, porém, os animais sobreviventes estão sendo protegidos em uma piscina natural para não correrem o risco de morrerem.

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Vale lembrar que, além deste problema, o nível dos rios d região Norte do Brasil têm baixado e situação está alarmante em diversas cidades. Evento dificulta o abastecimento e o transporte nos estados, principalmente em pequenas cidades isoladas.

O Lago Tefé, por exemplo, atingiu um dos níveis mais baixos da história e os impactos da seca atual podem ser piores. “Esta seca de 2023 pode se tornar mais extrema. Mesmo antes de atingir níveis tão baixos, o evento causou mais danos do que qualquer outro anterior. Isso provavelmente é consequência de um acúmulo de impactos causados pela poluição urbana, pelo assoreamento do Rio Tefé, pela poluição do ar devido ao grande número de queimadas, e pode ser que ainda sejam descobertos outros agravantes”, afirmou o diretor do Instituto Mamirauá, João Valsecchi.

A estiagem deste ano é agravada pelo El Niño, o mesmo responsável pelas chuvas e ciclones no Sul do país. O fenômeno climático se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador e que interrompe padrões de circulação das correntes marítimas e massas de ar, o que leva a consequências distintas ao redor do mundo.


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