Mais de 100 botos morreram no Lago Tefé, no Amazonas, o equivalente a cerca de 5% da população local, após a temperatura da água chegar a 40ºC. De acordo com pesquisadores do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, foram 110 animais mortos, incluindo os vermelhos e tucuxis.
Segundo a pesquisadora Miriam Marmontel, do instituto citado acima, a causa oficial da morte dos botos ainda é incerta, mas ela, assim como outros colegas especialistas do seu grupo, acreditam que a mortandade está ligada às altas temperaturas das águas. As informações foram divulgadas pelo O Globo nesta terça-feira (3).
“Estamos enfrentando um evento de mortalidade incomum de botos amazônicos no Lago Tefé – uma situação muito preocupante e grave. Entre sábado (24) e segunda-feira (2), perdemos 110 animais entre botos-vermelhos e tucuxis”, explicou Miriam. A população de botos e tucuxis no Lago Tefé é estimada em 900 e 500 indivíduos.
“A minha impressão é que tem algo na água, obviamente, relacionado à situação de seca extrema, baixa profundidade dos rios e, consequentemente, ao aquecimento das águas. A média histórica da temperatura da água no Lago do Tefé é de 32 graus e, na quinta-feira, nós aferimos 40 graus até três metros de profundidade”, continuou a pesquisadora.
Ainda de acordo com O Globo, que entrevistou os pesquisadores, eles afirmaram que, o fato da água aquecer de forma incomum, isso também pode ter provocado a proliferação de algum organismo que deixou os botos doentes. Antes dos resultados oficiais serem divulgados, porém, os animais sobreviventes estão sendo protegidos em uma piscina natural para não correrem o risco de morrerem.
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Vale lembrar que, além deste problema, o nível dos rios d região Norte do Brasil têm baixado e situação está alarmante em diversas cidades. Evento dificulta o abastecimento e o transporte nos estados, principalmente em pequenas cidades isoladas.
O Lago Tefé, por exemplo, atingiu um dos níveis mais baixos da história e os impactos da seca atual podem ser piores. “Esta seca de 2023 pode se tornar mais extrema. Mesmo antes de atingir níveis tão baixos, o evento causou mais danos do que qualquer outro anterior. Isso provavelmente é consequência de um acúmulo de impactos causados pela poluição urbana, pelo assoreamento do Rio Tefé, pela poluição do ar devido ao grande número de queimadas, e pode ser que ainda sejam descobertos outros agravantes”, afirmou o diretor do Instituto Mamirauá, João Valsecchi.
A estiagem deste ano é agravada pelo El Niño, o mesmo responsável pelas chuvas e ciclones no Sul do país. O fenômeno climático se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador e que interrompe padrões de circulação das correntes marítimas e massas de ar, o que leva a consequências distintas ao redor do mundo.
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