De acordo com pesquisa realizada pelo departamento de Saúde, Previdência e Segurança da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), os profissionais da imprensa estão entre as principais vítimas da Covid-19.
Até o final de janeiro, desde o início da pandemia, em 2020, pelo menos 93 profissionais morreram em decorrência do coronavírus. Após este levantamento, o número foi elevado a 94, devido a morte da repórter cinematográfica Vanusa Torchi, de São Paulo.
Entre julho e agosto de 2020, as mortes na categoria se mantiveram relativamente estáveis. No entanto, houve um crescimento acelerado em novembro e dezembro, que explodiu em janeiro de 2021, onde ocorreu 25% dos casos de mortes.
Os dois estados com maior número de mortes pela doença são Amazonas e São Paulo, com 14 mortes em cada. A Amazonas, entretanto, se tornou em janeiro, de acordo com a FENAJ, símbolo da falência dos poderes públicos, especialmente federal. Enquanto no estado habita uma população de 4,2 milhões, em São Paulo, com o mesmo número de mortes de jornalistas, há 44,6 milhões de habitantes.
Na sequência, Rio de Janeiro e Paraná, com nove e oito óbitos, respectivamente, completam a lista dos estados com maior número de casos fatais na categoria. Com uma população quase idêntica à do Amazonas, a Paraíba (4 milhões de habitantes), registrou o número de cinco mortes de jornalistas até o momento.
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O diretor do Departamento de Saúde e coordenador da pesquisa, Norian Segatto, afirmou que os números são assustadores e podem, ainda, estar subestimados. “Não existe um mecanismo oficial de registro dos casos e nem sempre a morte do profissional de imprensa é noticiada”, explicou.
A metodologia da pesquisa foi realizada, de acordo com a federação, por meio de buscas em notas de jornais, informações coletadas com os sindicatos de jornalistas de todo o país e relatos vindos diretamente de amigos e parentes das vítimas. Profissionais da comunicação identificados como radialistas foram mantidos no levantamento.
Ainda conforme a FENAJ, de acordo com dados coletados, o maior número de mortes (23) estava na faixa etária de 51 a 60 anos. Outras 22 vítimas fatais da doença tinham entre 61 e 70 anos. Com relação ao gênero, os homens são maioria, somando 91,4% do total. A porcentagem de 8,6% das vítimas, se tratavam de mulheres mais jovens: metade com menos de 35 anos, três entre 47 e 52 anos e uma em que a idade ainda não foi apurada.
A federação acredita, no entanto, que o maior responsável por esses números é o governo federal, “por sua política genocida, que em vez de combater contribuiu para o avanço da pandemia no país”.
A FENAJ acredita, ainda, que “as empresas de comunicação têm sua parcela ao expor trabalhadores a condições não seguras” e afirma que os números da pesquisa comprovam que os jornalistas estão na linha de frente do combate à Covid-19, realizando a cobertura da pandemia. Por esse motivo, a federação orientou os sindicatos da categoria para a solicitação aos governos da inclusão dos profissionais nos grupos prioritários para a vacinação.