Está em fase final de conclusão do parecer técnico quanto à solicitação de empresa argentina que pediu a liberação de importação de farinha de trigo transgênico no Brasil. O pedido é analisado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Na tarde da última segunda-feira (27), a Associação Brasileira da Indústria do Trigo – Abitrigo, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados – ABIMAPI e a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria – ABIP, disseram durante coletiva de imprensa que não vão comprar o trigo transgênico ou farinha caso ele seja aprovado.
O trigo transgênico foi autorizado na Argentina ano passado, mas sua autorização precisa da aprovação da importação e uso comercial pela comissão reguladora no Brasil, neste caso a Comissão Técnica. O problema é que ele é igualmente receptivo ao glufosinato de amônio, um agrotóxico 15 vezes mais tóxico do que o glifosato, proibido na União Europeia por ser bastante nocivo à saúde. Caso o Brasil aprove, seria o segundo país a usar o trigo transgênico.
“As entidades sempre apoiaram o progresso da pesquisa científica do trigo no Brasil, que prioriza a segurança alimentar nos seus desenvolvimentos, alinhada às demandas dos consumidores, sem relegar os necessários fatores de produtividade do campo. Este processo, capitaneado pela Embrapa e pela pesquisa privada, tem promovido grandes avanços na qualidade e produtividade do trigo, sem a necessidade da utilização da tecnologia de modificação genética”, ressaltam as entidades no comunicado.
O Brasil, mesmo sendo um grande produtor agrícola mundial, tem o trigo como o único grão importado. Atualmente, o país importa quase 60% de seu consumo interno, tendo como a principal origem desse montante a Argentina.
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Industrias brasileiras são contra trigo transgênico
Em pesquisa interna promovida pela Abitrigo e também pela ABIMAPI, concluiu-se que as indústrias do trigo no Brasil são contrários à utilização de trigo transgênico e a quase a totalidade dos moinhos está disposta a interromper suas compras de trigo argentino, caso se inicie a produção comercial naquele país e sua exportação para o Brasil.
As entidades seguem agora no aguardo da próxima reunião da Comissão, em outubro, quando a CTNBio possivelmente apresentará um parecer sobre a liberação comercial de trigo transgênico no Brasil.
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