Cultura Popular

Encenações históricas e religiosidade marcam fim de semana de Cavalhadas em Goiás

Com encenações coloridas e repletas de simbolismo, o evento une fé, história e tradição popular em apresentações que atravessam séculos
Cavalhadas de Jaraguá completam 192 anos de tradição: evento engloba procissão e missa solene e tem o acompanhamento da Banda Santa Cecília (Foto: Michelly Matos)
Cavalhadas de Jaraguá completam 192 anos de tradição: evento engloba procissão e missa solene e tem o acompanhamento da Banda Santa Cecília (Foto: Michelly Matos)

Entre os dias 7 e 10 de junho, os municípios de Santa Cruz de Goiás, Posse, Jaraguá e Pirenópolis recebem milhares de turistas e moradores para vivenciar as Cavalhadas, uma das manifestações culturais mais emblemáticas do estado. Com encenações coloridas e repletas de simbolismo, o evento une fé, história e tradição popular em apresentações que atravessam séculos.

As festividades integram o Circuito das Cavalhadas 2025, que contempla 15 municípios goianos e conta com o apoio do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Neste ano, o investimento total é de R$ 4 milhões, voltados à infraestrutura, divulgação e ações de valorização do patrimônio cultural imaterial.

“A festa movimenta a economia local, fortalece o turismo, gera renda e amplia o sentimento de pertencimento nas comunidades”, destaca a secretária estadual de Cultura, Yara Nunes.

Uma herança medieval

As Cavalhadas são inspiradas nos antigos torneios medievais da Europa, que dramatizavam batalhas entre cristãos (de azul) e mouros (de vermelho), baseadas na narrativa épica de Carlos Magno e os Doze Pares da França. No Brasil, a tradição remonta ao século XVII e está profundamente ligada à Festa do Divino Espírito Santo, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Confira a programação e os destaques em cada cidade:

Santa Cruz de Goiás
Quando: 7 e 8 de junho, a partir das 15h
Onde: Centro Cultural Tio Negrinho

Leia Também

Na cidade dos casarões históricos e das belezas naturais, as Cavalhadas completam 209 anos. A encenação teve início em 1816, quando houve o pedido de permissão do vigário Gouvêa de Sá Albuquerque para realizar a encenação durante a Festa do Divino Espírito Santo no Largo da Matriz.

Os cavaleiros foram treinados por Haspasiano Dagomano. As Cavalhadas de Santa Cruz inspiraram outras cidades da região da Estrada de Ferro a também darem início à tradição.

Posse
Quando: 7 e 8 de junho, a partir das 15h
Onde: Estádio Serra das Araras

Conhecida por suas belezas naturais, como o Poço Azul, Posse integra as Cavalhadas à tradicional Festa do Divino Espírito Santo. O primeiro dia traz o teatro do “Rapto da Princesa no Castelo Cristão”. No segundo dia, ocorre a simbólica batalha entre mouros e cristãos no campo das Cavalhadas.

Jaraguá
Quando: 8 e 9 de junho, a partir das 14h
Onde: Clube das Cavalhadas de Jaraguá

Com 192 anos de tradição, as Cavalhadas de Jaraguá surgiram com a Paróquia Nossa Senhora da Penha, em 1833. Além da encenação, os cavaleiros acompanham a Coroa do Divino em procissão e missa solene. A tradicional Banda Santa Cecília participa do desfile e das batalhas, preservando a musicalidade histórica do evento.

Pirenópolis
Quando: 8, 9 e 10 de junho, a partir das 13h
Onde: Módulo Esportivo de Pirenópolis

A charmosa cidade goiana realiza suas Cavalhadas desde 1826, tradição iniciada pelo padre Manuel Amâncio da Luz. O evento segue a Festa do Divino Espírito Santo e inclui o giro da Folia do Divino, levantamento do mastro e distribuição dos doces tradicionais alfenins e verônicas.

Apresentações como o grupo Pastorinhas e personagens como o Velho Simão e o pastorzinho Benjamim integram o auto natalino incorporado em 1923.

Nos intervalos da batalha, os mascarados, vestidos de bois, onças e personagens irreverentes, invadem o campo e as ruas, promovendo brincadeiras e interações com o público. Ao final, há a tradicional corrida das argolinhas, a despedida dos cavaleiros com os lenços e o desfile até a Igreja do Bonfim, com salva de tiros e agradecimentos, acompanhados pela centenária Banda Phoenix.


Leia mais sobre: / / / Cidades

Elysia Cardoso

Elysia Cardoso é jornalista