Para o controle da pandemia do coronavírus, é importante que pais e responsáveis entendam que a vacinação contra Covid-19 para crianças são seguras, eficazes e reconhecidas como solução, é o que explicam especialistas da área de saúde. A afirmação serve de orientação aos pais que ainda têm receio de procurar a imunização para os filhos, para que participem do Dia “V” de Vacinação contra Covid-19, no próximo sábado (19) em Goiás.
O objetivo da campanha realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) e em parceria com os municípios, é acelerar a aplicação de doses em crianças de 5 a 11 anos e conscientizar sobre a importância da vacinação.
O governador Ronaldo Caiado, que é médico, faz um apelo pela imunização e a conscientização dos pais. “Não temos o direito de ultrapassar o limite que nos é dado. A criança não tem autonomia própria, e aí é uma decisão da família, dos pais. Por isso, temos que sensibilizá-los”, reforça o chefe do Executivo estadual, que participará da abertura do Dia “V”.
Autoridades em saúde são unânimes ao explicar que a vacinação no público infanto-juvenil é segura porque os imunobiológicos passaram por um processo de desenvolvimento com muito rigor. “São estudos de fase pré-clínica, clínica, fase 1, 2 e 3. Nesta última etapa são observadas a eficácia e segurança e chega-se a uma dose ideal. Isto é, a quantidade de antígeno suficiente para o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes na criança”, explica a médica alergista, imunologista e pediatra Lorena Diniz.
Segundo Diniz, os casos de óbitos ou de sequelas graves causadas pela Covid-19 em crianças justificam a necessidade de incorporação da imunização no público infantil. A Síndrome Inflamatória Multissistêmica (SIM-P) é uma doença rara, mas grave, em que crianças com Covid-19 desenvolvem uma inflamação que afeta diferentes órgãos do corpo. Os pequenos com essa condição precisam de cuidados especializados e podem ser internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
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“Os pais que estão hesitando em levar os filhos para vacinar colocam as crianças num risco ainda maior caso sejam contaminadas pela Covid-19”, afirma Lorena Diniz ao ponderar que os efeitos adversos graves ocorridos com a administração da vacinação são raros. Conforme a imunologista, até o momento, eventos causados pela imunização são considerados leves e toleráveis, sem deixar sequelas.
Eficácia e segurança
Os esforços e o apelo das autoridades para explicar a importância da vacinação ocorrem em meio a um quadro de baixa procura pela imunização. Segundo a SES-GO, do público vacinável entre 5 e 11 anos com a primeira dose, que soma 726.580 crianças e adolescentes, pouco mais de 153 mil procuraram a dose que tem direito. O que não representa nem 22% (21,09%) de cobertura da faixa etária.
A médica infectologista, professora da Universidade Federal de Goiás e membro do comitê de vacinas para a Covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), Cristiana Toscano, faz um alerta para o momento vivido hoje na pandemia com a presença de “uma variante altamente transmissível”, a Ômicron. “Há uma circulação de vírus muito intensa na população pediátrica. É esperado, nesse momento, um número muito maior do que já ocorreu desde o início da pandemia de hospitalizações, além de óbitos e complicações”, aponta.
Toscano coordena o Grupo de Modelagem Dinâmica do SaRS-CoV-2 no Brasil e destacou uma nota técnica divulgada recentemente que projeta o impacto potencial de acelerar a vacinação de crianças no País. “A gente consegue estimar que essa vacinação teria a capacidade de evitar, só em crianças de 5 a 11 anos, 5.400 hospitalizações por Covid-19 e 430 óbitos nos próximos três meses apenas”, ressalta.
A pediatra da equipe da Gerência de Imunizações da SES-GO, Nádia Teixeira Gabriel, acrescenta que o assunto deve ser tratado com máxima responsabilidade pelas famílias, já que as crianças são hoje “o grupo mais vulnerável em relação à Covid-19”. A médica complementa que a vacinação é fundamental para superar a pandemia. “Procuramos uma proteção coletiva, que todos estejam vacinados, para impedir que haja uma circulação viral e que esse vírus sofra mutações”, completa.
Outro fator de impacto junto ao público infantil é a volta das aulas presenciais. A coordenadora do departamento de comunicação da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), Mirna de Sousa, defende a imunização completa, junto à manutenção dos protocolos de higiene, para garantir mais segurança no ambiente escolar. “É importante que as crianças que frequentam as escolas estejam com seu calendário vacinal completo tanto para a Covid-19 quanto para qualquer outra vacina”, defende.
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