O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), lançou nesta segunda-feira (1º/12) o boletim Epidemiologia da Infecção por HIV e Aids em Adultos – 2015 a 2025, durante ação alusiva ao Dezembro Vermelho no Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia. O documento aponta avanços importantes no diagnóstico oportuno, no acesso ao tratamento e na redução das mortes, mas também reforça que a transmissão do vírus ainda está ativa e exige fortalecimento das estratégias de prevenção e cuidado contínuo.
A publicação do boletim ocorre no contexto do Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, data de mobilização global instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1988. Em Goiás, a data integra a programação do Dezembro Vermelho, campanha nacional voltada à conscientização, prevenção, testagem e tratamento do HIV e das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), com ações que se estendem ao longo de todo o mês.
Entre 2015 e 2025, segundo a Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES, foram registrados 25.100 casos de HIV e Aids em adultos no estado. Os casos de Aids — fase mais avançada da infecção — seguem em queda, assim como os óbitos, que apresentaram redução significativa nos últimos anos. Esse cenário é reflexo direto do acesso gratuito à testagem e à terapia antirretroviral (Tarv) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que transforma o HIV em uma condição crônica tratável, permitindo qualidade de vida às pessoas vivendo com o vírus.
De acordo com o boletim, 29.503 pessoas vivem atualmente com HIV em Goiás. Desse total, 5% não estão vinculadas aos serviços de saúde e 15% não iniciaram ou interromperam o tratamento, o que mantém o risco de transmissão e de agravamento da doença, especialmente entre jovens e adultos.
“As pessoas que fazem uso correto da terapia antirretroviral e atingem carga viral indetectável não transmitem o HIV por via sexual. Por isso, é fundamental realizar o teste após qualquer situação de risco, como relações sem preservativo, e iniciar o tratamento o mais rápido possível”, afirma a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.
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As ações do estado seguem alinhadas às metas internacionais da Unaids, conhecidas como 95-95-95: 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas, 95% delas em tratamento e 95% com carga viral indetectável. Dados do Painel de Indicadores de Saúde de Goiás apontam que, entre janeiro de 2010 e novembro de 2025, foram registrados 21.249 casos de HIV, 10.540 casos de Aids e 4.647 óbitos decorrentes da síndrome. Em 2024, o coeficiente de mortalidade em Goiás foi de 4,3 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional, em 2023, foi de 3,9 por 100 mil, conforme o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
Mesmo com a ampliação da oferta de tratamento e a disponibilidade de testes rápidos em todas as unidades públicas de saúde, a SES avalia que ainda é necessário intensificar políticas de prevenção e ampliar o diagnóstico precoce em todo o território goiano.
Prevenção combinada
A prevenção ao HIV e a outras ISTs é baseada na chamada prevenção combinada, que reúne diferentes estratégias utilizadas de forma integrada. Entre elas estão o uso regular de preservativos internos e externos, a testagem periódica, a distribuição de insumos de prevenção e o acesso à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e à Profilaxia Pós-Exposição (PEP), todas disponibilizadas gratuitamente pelo SUS.
A PrEP é indicada para pessoas com maior chance de exposição ao HIV, devendo ser utilizada de forma contínua ou sob demanda, conforme avaliação profissional. Já a PEP deve ser iniciada em até 72 horas após uma situação de risco, como relações sem preservativo ou violência sexual, e exige acompanhamento em unidade de saúde.
“O diagnóstico precoce permite iniciar o tratamento rapidamente, interromper a cadeia de transmissão e reduzir de forma expressiva o risco de adoecimento e morte por Aids. Hoje, testar, tratar e se prevenir é simples, gratuito e sigiloso. Nosso compromisso é ampliar o acesso, acolher sem julgamentos e combater qualquer forma de estigma. O HIV não define ninguém”, destaca a coordenadora de Agravos Transmissíveis e IST/Spaís da SES, Ana Paula Vieira de Deus.
A secretaria também reforça a importância do enfrentamento ao preconceito, que ainda afasta parte da população dos serviços de saúde. “O estigma continua sendo uma das maiores barreiras para o diagnóstico e o tratamento. Toda pessoa merece acolhimento, informação e cuidado”, complementa a coordenadora da Vigilância das ISTs, HIV/Aids e Hepatites Virais da SES, Luciene Siqueira Tavares.
Os dados regionais indicam maior concentração de casos nas regiões Central, Centro-Sul, Pirineus, Sudoeste I, Entorno Sul e Sul do estado. Como resposta, a SES seguirá ampliando ações educativas, fortalecendo a prevenção combinada e orientando os municípios para alcançar os públicos mais vulneráveis.
Programação do Dezembro Vermelho
Ao longo de dezembro, a SES realizará uma série de ações voltadas tanto para profissionais de saúde quanto para a população em geral, incluindo reuniões técnicas, atividades educativas, atendimentos com orientações e oferta de testes rápidos em Goiânia e na Região Metropolitana.
O teste rápido para HIV é simples, gratuito, não exige jejum e apresenta resultado em poucos minutos nas unidades de saúde do SUS. A SES orienta que qualquer pessoa sexualmente ativa ou que tenha passado por situação de risco procure uma unidade básica de saúde para realizar a testagem.
“Informação e cuidado salvam vidas. Quanto mais cedo a pessoa conhece seu estado sorológico, mais cedo ela pode se cuidar e proteger outras pessoas”, reforça Luciene Siqueira Tavares.
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