Cidades • atualizado em 18/03/2018 às 15:00

Vereadores descobriram taxa de desocupação de 41,2% em leitos de UTI’s em Goiânia

Reunião da CEI da Saúde em 09 de fevereiro de 2018 (Foto Divulgação Câmara Municipal de Goiânia)
Reunião da CEI da Saúde em 09 de fevereiro de 2018 (Foto Divulgação Câmara Municipal de Goiânia)

A CEI da Saúde de Goiânia deu mais um passo na comprovação de que hospitais selecionam pacientes para leitos de UTI, escolhendo os que permitem menos gastos e maior margem de lucro. Desta vez, o relator da Comissão, vereador Elias Vaz (PSB), e o vereador Jorge Kajuru (PRP) apresentaram o relatório das unidades com maior índice de vagas ociosas no período de um ano.

O levantamento foi baseado em documento encaminhado pela própria prefeitura da capital, que abrange de agosto de 2016 a agosto de 2017. Nesse período, a média de desocupação ficou em 41,2%, mas alguns hospitais superam – e muito- essa taxa.

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É o caso do Hospital Santa Genoveva, com índice de 67,7% de leitos vagos para UTI adulto no período analisado, 105 dias (o hospital encerrou as atividades e a última citação no relatório da prefeitura é de 21 de outubro de 2016). O Hospital Santa Bárbara teve média de 61,5% e o Jacob Facuri de 59,7%.

Hospitais públicos geridos por OSs também registraram alto índice de desocupação. No HGG, a média ficou em 44,1%; no Hospital das Clínicas, 43,7%; no HUGOL, 42,5% e no CRER 39,7%. O HUGO, o hospital em Goiânia com maior número de leitos credenciados ao SUS, 49, registrou média de desocupação de 31,9% (veja lista completa abaixo).

No caso das UTIs pediátricas, o maior volume de leitos desocupados foi observado no Hospital de Doenças Tropicais, 75,4%. Nesse caso, a CEI vai apurar se o grande número de vagas é resultado do perfil sazonal da unidade, que precisa ter leitos disponíveis em momentos de epidemia.

No Hospital Infantil de Campinas, a média foi de 67,7%; 56% no Hospital e Maternidade Santa Bárbara; 54% no HUGOL; 48% no Hospital da Criança; 34,5% no Materno Infantil e 30,9% no IGOPE.

Elias Vaz diz que esses dados são mais um indício de que hospitais estariam selecionando pacientes, escolhendo os de menor custo para aumentar a margem de lucro. “É inadmissível que isso aconteça enquanto vemos todos os dias uma lista enorme de pessoas que sofrem à espera de vaga de UTI.

O Município precisa tomar uma providência urgente e contratar hospitais que queiram realmente prestar serviço. Não podemos admitir que o cidadão continue refém dessa prática”.

Na semana passada, a secretária Municipal de Saúde, Fátima Mrué, confirmou à CEI que 81 pacientes foram recusados só em janeiro e fevereiro pela rede credenciada sem justificativas aceitáveis.

“A Secretaria de Saúde precisa agir com mais firmeza nesses casos. Cada recusa deveria ser registrada na polícia. O hospital que não cumpre o seu papel deveria ser descredenciado. O que não dá é pra ficar de braços cruzados enquanto as pessoas estão morrendo”, assinala o relator da Comissão.

O vereador Jorge Kajuru afirma é preciso também atuar em outra frente. Ele vai solicitar audiência com o governador Marconi Perillo para tratar da situação dos hospitais geridos por OSs. “É uma situação muito preocupante. Os números levam a uma conclusão clara de que havia leitos vagos e pacientes morreram por falta de UTI. Isso não pode continuar”.

Polícia

Depois de denúncia da Comissão, a polícia civil anunciou uma força-tarefa para investigar as irregularidades. Os casos de improbidade administrativa serão apurados pela Delegacia de Combate a Crimes contra a Administração Pública e a Delegacia de Homicídios vai cuidar dos registros de morte por falta de UTI enquanto havia leitos desocupados.

Os vereadores entregaram à polícia o relatório encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde com dados sobre a ocupação diária dos leitos de UTI cadastrados ao SUS de agosto de 2016 a agosto de 2017. Segundo o documento, entre agosto e dezembro de 2016, havia, em média, 89 leitos desocupados de UTI adulto no Município e 172 leitos ocupados. A média subiu de janeiro a agosto de 2017, ficando em 128 leitos desocupados e 169 ocupados.

Tabela divulgada pela Comissão de Inquérito da saúde de Goiânia:

Percentual de leitos de UTI ADULTO desocupados

Hospital

 Leitos SUS Número de dias analisados % Desocupação  
Hosp. Santa Genoveva 6 105 67,7  
Hosp. Santa Bárbara 8 342 61,5  
Hosp. Jacob Facuri 17 396 59,7  
Hosp. Santa Rosa após 26/02/16 6 242 56,9  
Hosp. Cidade Jardim 7 150 53,6  
Hosp. Ortopédico de Goiânia 4 351 47,4  
HGG 40 396 44,1  
Hosp. das Clínicas 16 396 43,7  
HUGOL 29 396 42,5  
HDT Hosp. Doenças Tropicais 10 395 42  
CRER 20 396 39,7  
Hosp. Goiânia Leste 6 245 33,3  
HUGO 49 396 31,9  
Hosp. do Câncer 7 373 33,6  
Santa Casa de Misericórdia 16 396 8,7  
Hosp. Monte Sinai 4 395 22  
Hosp. São Francisco 3 358 21  
Hosp. Lúcio Rebelo 4 396 7  

 

Percentual de leitos de UTI PEDIÁTRICA desocupados

Hospital  Leitos SUS Número de dias analisados % Desocupação  
HDT 7 346 75,4  
HOSPITAL INFANTIL DE CAMPINAS 6 396 67,7  
HOSPITAL E MATERNIDADE SANTA BARBARA 3 291 56  
HUGOL 10 395 54  
HOSPITAL DA CRIANÇA 12 396 48  
HMI – MATERNO INFANTIL 12 395 34,5  
IGOPE 4 168 30,9  

 

Observação: Os dias são diferentes porque houve períodos em que os hospitais ficaram descredenciados.


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