PUBLICIDADE

Vereadores descobriram taxa de desocupação de 41,2% em leitos de UTI’s em Goiânia

Reunião da CEI da Saúde em 09 de fevereiro de 2018 (Foto Divulgação Câmara Municipal de Goiânia)

A CEI da Saúde de Goiânia deu mais um passo na comprovação de que hospitais selecionam pacientes para leitos de UTI, escolhendo os que permitem menos gastos e maior margem de lucro. Desta vez, o relator da Comissão, vereador Elias Vaz (PSB), e o vereador Jorge Kajuru (PRP) apresentaram o relatório das unidades com maior índice de vagas ociosas no período de um ano.

O levantamento foi baseado em documento encaminhado pela própria prefeitura da capital, que abrange de agosto de 2016 a agosto de 2017. Nesse período, a média de desocupação ficou em 41,2%, mas alguns hospitais superam – e muito- essa taxa.

PUBLICIDADE

A CRISE DA SAÚDE DE GOIÂNAIA:

Denunciados, hospitais acusam a saúde de Goiânia por recusa de pacientes

PUBLICIDADE

Secretária de saúde admite que hospitais recusam pacientes para leitos de UTI

Leia Também

“Eu preciso viver”, implora paciente de câncer à saúde da prefeitura de Goiânia

PUBLICIDADE

É o caso do Hospital Santa Genoveva, com índice de 67,7% de leitos vagos para UTI adulto no período analisado, 105 dias (o hospital encerrou as atividades e a última citação no relatório da prefeitura é de 21 de outubro de 2016). O Hospital Santa Bárbara teve média de 61,5% e o Jacob Facuri de 59,7%.

Hospitais públicos geridos por OSs também registraram alto índice de desocupação. No HGG, a média ficou em 44,1%; no Hospital das Clínicas, 43,7%; no HUGOL, 42,5% e no CRER 39,7%. O HUGO, o hospital em Goiânia com maior número de leitos credenciados ao SUS, 49, registrou média de desocupação de 31,9% (veja lista completa abaixo).

No caso das UTIs pediátricas, o maior volume de leitos desocupados foi observado no Hospital de Doenças Tropicais, 75,4%. Nesse caso, a CEI vai apurar se o grande número de vagas é resultado do perfil sazonal da unidade, que precisa ter leitos disponíveis em momentos de epidemia.

No Hospital Infantil de Campinas, a média foi de 67,7%; 56% no Hospital e Maternidade Santa Bárbara; 54% no HUGOL; 48% no Hospital da Criança; 34,5% no Materno Infantil e 30,9% no IGOPE.

Elias Vaz diz que esses dados são mais um indício de que hospitais estariam selecionando pacientes, escolhendo os de menor custo para aumentar a margem de lucro. “É inadmissível que isso aconteça enquanto vemos todos os dias uma lista enorme de pessoas que sofrem à espera de vaga de UTI.

O Município precisa tomar uma providência urgente e contratar hospitais que queiram realmente prestar serviço. Não podemos admitir que o cidadão continue refém dessa prática”.

Na semana passada, a secretária Municipal de Saúde, Fátima Mrué, confirmou à CEI que 81 pacientes foram recusados só em janeiro e fevereiro pela rede credenciada sem justificativas aceitáveis.

“A Secretaria de Saúde precisa agir com mais firmeza nesses casos. Cada recusa deveria ser registrada na polícia. O hospital que não cumpre o seu papel deveria ser descredenciado. O que não dá é pra ficar de braços cruzados enquanto as pessoas estão morrendo”, assinala o relator da Comissão.

O vereador Jorge Kajuru afirma é preciso também atuar em outra frente. Ele vai solicitar audiência com o governador Marconi Perillo para tratar da situação dos hospitais geridos por OSs. “É uma situação muito preocupante. Os números levam a uma conclusão clara de que havia leitos vagos e pacientes morreram por falta de UTI. Isso não pode continuar”.

Polícia

Depois de denúncia da Comissão, a polícia civil anunciou uma força-tarefa para investigar as irregularidades. Os casos de improbidade administrativa serão apurados pela Delegacia de Combate a Crimes contra a Administração Pública e a Delegacia de Homicídios vai cuidar dos registros de morte por falta de UTI enquanto havia leitos desocupados.

Os vereadores entregaram à polícia o relatório encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde com dados sobre a ocupação diária dos leitos de UTI cadastrados ao SUS de agosto de 2016 a agosto de 2017. Segundo o documento, entre agosto e dezembro de 2016, havia, em média, 89 leitos desocupados de UTI adulto no Município e 172 leitos ocupados. A média subiu de janeiro a agosto de 2017, ficando em 128 leitos desocupados e 169 ocupados.

Tabela divulgada pela Comissão de Inquérito da saúde de Goiânia:

Percentual de leitos de UTI ADULTO desocupados

Hospital

Leitos SUS Número de dias analisados % Desocupação
Hosp. Santa Genoveva 6 105 67,7
Hosp. Santa Bárbara 8 342 61,5
Hosp. Jacob Facuri 17 396 59,7
Hosp. Santa Rosa após 26/02/16 6 242 56,9
Hosp. Cidade Jardim 7 150 53,6
Hosp. Ortopédico de Goiânia 4 351 47,4
HGG 40 396 44,1
Hosp. das Clínicas 16 396 43,7
HUGOL 29 396 42,5
HDT Hosp. Doenças Tropicais 10 395 42
CRER 20 396 39,7
Hosp. Goiânia Leste 6 245 33,3
HUGO 49 396 31,9
Hosp. do Câncer 7 373 33,6
Santa Casa de Misericórdia 16 396 8,7
Hosp. Monte Sinai 4 395 22
Hosp. São Francisco 3 358 21
Hosp. Lúcio Rebelo 4 396 7

 

Percentual de leitos de UTI PEDIÁTRICA desocupados

Hospital Leitos SUS Número de dias analisados % Desocupação
HDT 7 346 75,4
HOSPITAL INFANTIL DE CAMPINAS 6 396 67,7
HOSPITAL E MATERNIDADE SANTA BARBARA 3 291 56
HUGOL 10 395 54
HOSPITAL DA CRIANÇA 12 396 48
HMI – MATERNO INFANTIL 12 395 34,5
IGOPE 4 168 30,9

 

Observação: Os dias são diferentes porque houve períodos em que os hospitais ficaram descredenciados.

Categorias: Cidades Goiânia
Altair Tavares: