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Cardiopatas estão no grupo de risco do coronavirus

O Ministério da Saúde estima que 31,5% dos óbitos no Brasil sejam causados por doenças cardiovasculares, ou DCVs, fazendo das cardiopatias a primeira causa de morte entre a população brasileira. Males como hipertensão, obesidade, diabetes e outras doenças crônicas do coração respondem por mais de 7,6 milhões de mortes no mundo todo. 

E em tempos de pandemia do novo coronavírus estes números, que já são graves, podem ficar ainda piores, já que pessoas com doenças do coração, juntamente com quem tem problemas respiratórios, idosos e portadores de doenças crônicas, formam o principal grupo de risco da Covid-19, doença causada pelo novo vírus em circulação no mundo.

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Walter Beneduzzi Fiorotto

De acordo com o cardiologista Walter Beneduzzi Fiorotto, profissional médico que atua no Órion Business & Health Complex e no Hospital Órion, em Goiânia, uma infecção viral como a causada pelo novo coronavírus pode causar reações no organismo que levam a uma descompensação das doenças cardiovasculares preexistentes. “Esses pacientes podem apresentar alterações no sistema imunológico e descompensação de processos inflamatório crônicos preexistentes, que por sua vez podem levar a complicações e agravamentos no caso de uma infecção viral, tal como a do novo coronavírus”, explica o especialista.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o índice de mortalidade do novo vírus tem chegado a 10,5% entre os pacientes que têm algum problema cardiovascular ou cardíaco preexistente, enquanto na média global das pessoas a incidência de óbito é de 3,5%. Vale lembrar que a primeira morte registrada no Brasil em virtude da Covid-19 foi a de um homem de 62 anos na cidade de São Paulo, que já sofria de diabetes e hipertensão. De acordo com relato das autoridades de saúde paulista, o paciente apresentou os primeiros sintomas no dia 10 de março, e seis dias depois faleceu. 

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Jovens

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Walter Fiorotto faz outro alerta, doenças cardiovasculares e cardiopatias não são problemas exclusivos de idosos. Para se ter uma ideia, o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), conduzido por pesquisadores da USP, identificou em 2016, uma prevalência de 9,6% de incidência de hipertensão arterial em mais de 73 mil estudantes de todo o País, com idade entre 12 e 17 anos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 15% das crianças brasileiras, com idade entre 5 e 9 anos, são obesas, o que segundo o especialista, faz com que as pessoas em idades cada vez mais jovem desenvolvam problemas cardíacos, fora as doenças congênitas do coração, com as quais muitos indivíduos já nascem.

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Cuidados

É justamente em virtude desse grande potencial de agravamento provocado pela Covid-19, que a orientação para os indivíduos que têm algum problema cardiovascular ou cardíaco é o isolamento domiciliar rigoroso e cuidados redobrados com práticas de higiene. “Esses pacientes devem manter o isolamento domiciliar, evitar aglomerações, trabalhar em casa, estar com a vacinação da gripe e pneumonias em dia e ter cuidado redobrado com sua higiene, especialmente levando as mãos várias vezes durante o dia”, reforça o cardiologista Walter Fiorotto.

O médico também orienta a essas pessoas com quadro de doenças cardiovasculares, cardíacas ou cardiorrespiratórias, idosos e portadores de doenças crônicas, que ao apresentarem sintomas, como gripe, febre, cansaço, falta de ar e fadiga devem procurar imediatamente uma unidade de saúde, para que seja feito um diagnóstico o mais rápido possível, e de forma igualmente rápida, inicie-se o tratamento adequado, evitando muitas vezes o agravamento da doença. 

Sobre medicamentos de uso contínuo feito por pacientes cardiopatas, o especialista afirma que as evidências científicas até o momento demonstram que quem apresenta doença crônica deve manter seu tratamento. “Existem muitas informações que têm sido divulgadas na mídia e nas redes sociais de que existe interação entre algumas medicações no tratamento das doenças cardiovasculares e o novo coronavírus. Mas até o momento, não existe nenhuma evidência científica sólida sobre isso. Por isso a recomendação é que todos os pacientes com doenças crônicas mantenham suas medicações”, acrescenta o médico.

Categorias: Ciência
Altair Tavares: