Coluna Alta • atualizado em 15/10/2016 às 22:30

Na História: Quando Meirelles defendia a queda do custo no crédito

Em 17 de dezembro de 2009, participei de uma entrevista com Henrique Meirelles, que, à época, era o presidente do Banco Central. Em 2010, o Brasil teria eleição e ele vivia a proximidade de seu último ano no cargo.

A entrevista, arquivada pela Radiobras – o áudio por ser acessado aqui – revelava que  Meirelles mantinha preocupação com o crescimento do custo do crédito e defendeu este mecanismo para a manutenção da política econômica.

Para lembrar trechos dos 30 anos de profissão, republico o trecho da entrevista coletiva, com minha participação.


ENTREVISTA HENRIQUE MEIRELES – 17/12/2009 –

altair-estudio-radio730-jun-2016RÁDIO 730 AM – GOIÂNIA (GO)/ ALTAIR TAVARES: (…)Bom dia, ministro! Nós estamos no dia-a-dia observando a preocupação das pessoas e querendo saber qual é a previsão ou qual é a tendência para 2010 em se tratando de crédito para o consumidor. O volume de recursos para crédito tem aumentado e as pessoa ainda se preocupam bastante com as taxas de juros, muitas vezes, e considerado aí determinado tipo de negociação, muito altas para a nossa realidade. Qual é, então, a perspectiva para a taxa de juros, presidente?

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MINISTRO: Bom dia, Altair. A previsão de crescimento para do mercado de crédito para o ano de 2010 é bastante positiva. Prevê-se que o crédito no Brasil deve continuar crescendo, cresceu a taxas elevadas antes da crise, durante a crise caiu bastante a oferta de crédito, ela já se recuperou, já está a essa altura havendo uma expansão do crédito. De um lado o crédito está caindo, o custo do crédito está caindo, o volume está aumentando, que é a trajetória correta, não há dúvida de que a taxa de crédito no Brasil, de empréstimo, a taxa de juros na ponta do empréstimo no Brasil ainda é elevada, já foi muito mais no passado, está caindo nos último anos, caindo como resultado da estabilização da economia brasileira e a tendência é continuar que caia, na medida em que se continue com essa política de estabilização da economia brasileira, isto é, de inflação controlada, de inflação na meta, reservas internacionais e etc. e, com isso, nós poderemos assegurar nos próximos anos uma continuidade desse processo, apesar de que, como você mencionou, de fato se encontra ainda em padrões elevados. Quer dizer, era muito muito mais alto, já caiu bastante, deverá continuar caindo, basta mantermos as políticas adequadas. Agora, em termos de volume, está aumentado bastante as taxas de aumento do total de crédito concedido já estão bastante saudáveis, bastante fortes e já retomando um padrão de normalidade que prevalecia antes da crise.

RÁDIO 730 AM – GOIÂNIA (GO)/ ALTAIR TAVARES: A outra pergunta é: em se tratando da sucessão no Banco Central, qual é o perfil do próximo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles?

MINISTRO: Altair, essa é uma decisão do presidente da República. Conhecendo o presidente, caso essa decisão fosse ser tomada pelo atual presidente, eu não tenho dúvida de que seria o perfil de alguém comprometido com a estabilidade da economia brasileira. Caso eu fique no Banco Central até o final do ano que vem e, portanto, essa escolha seja feita pelo próximo presidente, eu acredito que deverá também manter o padrão de alguém comprometido com a estabilidade da economia brasileira, por quê? Porque a estabilização da economia brasileira, isto é, inflação mantida baixa e controlada, um balanço de pagamentos, um sistema de câmbio flutuante que tem permitido o Brasil acumular reservas internacionais elevadas como tem feito, uma dívida pública que está diminuindo com percentagem do produto, não só pelos saldos primários gerados pelo governo, mas também pela queda dos juros reais na economia. Tudo isso tem feito com que o número de empregos criados na economia tenha sido um dos maiores da história, foram criados quase nove milhões de empregos formais nos últimos anos, 25 milhões de brasileiros passaram a fazer parte da classe média, um número enorme de pessoas cruzou a linha de pobreza para cima, cerca de 30 milhões de brasileiros. Portanto, o padrão de vida da população brasileira melhorou muito, o poder de compra, a capacidade de arrecadação do governo aumentou e permitiu os programas sociais, não só o Bolsa Família, mas todos os programas sociais, o salário mínimo. Tudo isso junto faz com que o padrão de vida da população brasileira tem, inquestionavelmente, melhorado muito nos últimos anos. E eu acho que não tem muita margem para se voltar atrás, isto eu tenho certeza, portanto, de que os próximos governantes do Brasil estarão comprometidos com a manutenção da estabilidade de preços, da estabilidade do mercado cambial, fiscal e que o Brasil vai continuar crescendo e gerando emprego.

Para ouvir a entrevista, na íntegra:


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