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O eleitor e os ataques (Entre políticos)

(Texto originalmente publicado em 01.06.2010, no blog Altair Tavares, no Portal 730)


Qual é o resultado de uma ação política de um candidato que faz ataques diretos ao adversário numa disputa eleitoral? Na visão do cientista político Rubens Figueiredo “o eleitor não gosta de ataques por que sente que deixou de ser o foco do candidato” (publicado no Estadão). Ele refere-se à polêmica sobre a estratégia do candidato a presidente José Serra e os ataques ao governo Lula. No entanto, penso que o eleitor tende a preferir uma eleição onde são apontadas as diferenças entre os candidatos, nem que elas sejam fruto de ataques, do que uma disputa morna com candidatos franciscanos.

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Se é verdade que o eleitor não gosta de ataques entre candidatos, por que, então, são exatamente estas críticas de um contra o outro os principais assuntos nas rodas de buteco, casamentos, aniversários, praças, locais de trabalho ou casa? Para entender o assunto de forma mais profunda é preciso entender melhor o que é o “ataque de um candidato contra outro?”. Qual o tipo de ataque funciona bem no campo da disputa eleitoral?
Uma crítica embasada em fatos, sustentada por razões coerentes, estabelecida por intermédio de informações irrefutáveis pode ser qualificada como um ataque absolutamente necessário para uma campanha. Afinal, é por este tipo de ação que um candidato consegue ativamente inserir na mente do eleitor uma ideia consistente. Que fique bem claro, esta é uma forma de ataque inteligente e só candidatos muito bem preparados conseguem fazê-la.
O inverso da crítica embasada, é a crítica oportunista. Ela não é sustentada por fatos irrefutáveis, muitas vezes, é simplesmente uma articulação do discurso que tenta manipular a interpretação do eleitor sobre ideias que estão no curso de uma campanha. Neste campo, está a crítica que oculta fatos importantes e que, feita de forma repetitiva, é carregada por textos preparados como se fossem mensagens publicitárias comerciais. Em outras situações, são argumentos sacados repentinamente numa entrevista, por exemplo, e atiradas para confundir ou iludir o eleitor.
Numa questão, concordo com o cientista político Rubens Figueiredo. O ataque direto de um candidato contra o outro tente a agradar apenas ao eleitor-torcedor. É aquele que está engajado na campanha eleitoral, tem alinhamento ideológico com o partido, ou está na área de influência de um candidato à espera de uma vitória para alcançar algum cargo na estrutura de poder. Este tipo de ataque também serve para provocar uma reação corporativa dos eleitores alinhados ao candidato atacado, pois ele se sente ferido também.
É fato que o eleitor tem o direito de conhecer as diferenças entre os candidatos, tanto ao legislativo quanto ao executivo. Faz bem para a democracia que cada um aponte o que pensa e críticas que tem em relação aos outros para firmar seus argumentos e propósitos. Os candidatos podem ter uma certeza, está nascendo um novo eleitor que sabe muito bem separar os bons, com boas ideias, e os ruins.

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