Coluna Alta • atualizado em 17/07/2020 às 23:51

Óbitos pelo Covid-19 em Goiás pode dobrar em duas semanas, prevê professor da UFG

“Não há uma única evidência de que a pandemia de Covid-19 esteja sob controle em Goiás”, afirmou o professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel, ao participar do #BatePapoAdufg, com o presidente Flávio Alves. Ele alertou que a única forma de coibir o novo coronavírus é por meio do isolamento social. “A ideia deveria ser tomar todas as medidas para evitar que o vírus seja ainda mais propagado”, disse. Pesquisa da prefeitura de Goiânia identificou uma contaminação de 6,4% na primeira quinzena de julho.

Recentemente, o professor apresentou um estudo ao Governo de Goiás, que aponta para um colapso hospitalar no Estado. Também alertou para uma projeção de 18 mil mortes até setembro em razão da doença. No entanto, após 14 dias de isolamento, o governo publicou um decreto autorizando a flexibilização das atividades econômicas. “Dificilmente isso ajudará no combate à pandemia. Essa flexibilização deve piorar o que já está muito ruim. Devemos dobrar o número de óbitos em Goiás nas próximas duas semanas”, destacou.

Thiago alertou que a flexibilização resulta em situações em que não é possível evitar o contato entre as pessoas, como na utilização do transporte coletivo. “Devíamos discutir estratégias para manter as pessoas em casa. Seria necessário um auxílio econômico para as empresas e para as pessoas que não podem exercer trabalho remoto. Isso não veio, o que acabou fazendo com que gestores de Estados e municípios optassem pela flexibilização”.

“Dificilmente isso ajudará no combate à pandemia. Essa flexibilização deve piorar o que já está muito ruim. Devemos dobrar o número de óbitos em Goiás nas próximas duas semanas”

Thiago Rangel, professor da UFG

Com o aumento constante do número de casos em Goiás, o professor alertou que, embora a rede hospitalar esteja em processo de expansão de leitos, a medida é paliativa. “A data de um possível colapso vai ser definida pela capacidade das prefeituras de remarem contra a maré. Tratar uma pandemia com estratégias baseadas em expansão hospitalar é uma ideia infeliz”, defendeu. Ele lembrou, ainda, que outros países, como França, Itália, China e Estados Unidos não tiveram sucesso com esse tipo de medida.

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Em diversos momentos do debate, Thiago defendeu o isolamento social como estratégia mais acertada no combate à doença. “É uma ação que trata a população como um todo. Todos os países mais desenvolvidos conseguiram lidar por meio do isolamento. Não adianta tentar passar a ideia de que o pior já passou, pois ainda não chegamos ao pico. Se o isolamento alcançasse mais de 66% o pico passaria e a curva começaria a cair”, enfatizou.

VEJA O VÍDEO DA ANÁLISE DO PROFESSOR THIAGO RANGEL, PUBLICADO PELA ADUFG


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