Coluna Alta • atualizado em 07/10/2016 às 15:55

Por que a comunicação leva a culpa pelas derrotas eleitorais?

[vc_row][vc_column][vc_column_text]Para o professor e doutor em Comunicação, Luis Signates, a estratégia de gestão de imagem de políticos no exercício do mandato por colaborar muito para evitar fracassos eleitorais. “Eles deixam de cuidar da própria imagem, deixam de investir na administração de imagem ao longo do mandato”, critica o consultor de marketing e especialista em pesquisas qualitativas.

É comum que os prefeitos com alta rejeição digam que investem muito, mas que fazem pouca comunicação – ou propaganda. Os casos de Goianira, Senador Canedo, Catalão, recentemente são exemplos analisados pelo professor nesta entrevista. Um prefeito começa a perder uma eleição nos seis primeiros meses de mandato por causa da falta de inciativa e inteligência na gestão de sua imagem.

ENTREVISTA – LUIS SIGNATES

Altair Tavares – O que acontece com candidaturas que não conseguem administrar uma imagem prévia no tempo suficiente para enfrentar uma eleição e que são levadas à derrota?

Luis Signates – O grande problema ainda existente na classe política brasileira, goiana inclusive, eu diria goiana com bastante expressão, é que os políticos, eles deixam de cuidar da própria imagem, deixam de investir na administração de imagem ao longo do mandato. Quer dizer, se você não posicionar a tua imagem pública como gestor desde o primeiro dia do mandato, você tem que de certa forma surpreender a população nos seis primeiros meses, na ‘fase do namoro’, você tem que trabalhar fortemente pra posicionar a imagem e depois administrá-la, seja com pesquisa, com ações sérias de comunicação e não apenas pesquisa de comunicação, mas com gestão pública efetiva, mostrando pra sociedade as realizações, realizando e mostrando pra sociedade, pode ser que alguma liderança política prestigiada de oposição na cidade, consiga descaracterizar tudo o que você faz e ocupar esse espaço e pior, desconstruir ou destruir o gestor. Eu diria que em Goianira, foi basicamente isso que aconteceu. O atual prefeito, Miller Assis, não conseguiu estabelecer essa impressão, essa grande primeira impressão, teve uma dificuldade muito grande de administrar sua imagem e teve o prefeito atualmente eleito, Carlão, combatendo a imagem dele o tempo todo. Isso aconteceu lá, a mesma coisa acontece em Catalão, o prefeito Jardel Sebba batalhou várias vezes pra se tornar prefeito de Catalão, então quando ele assume a prefeitura de Catalão, ele assume dentro de um quadro de expectativas muito grande e ao meu ver uma expectativa muito acima das condições que ele teria para realizar e também não conseguiu efetuar a gerência de comunicação e de imagem em seu mandato.

Altair Tavares – Por que esta comunicação recebe a culpa por causa dos fracassos eleitorais. A comunicação é maldita, mesmo?

Leia Também

Luis Signates – Boa parte dos gestores honestos que eu conheço, falam que não gostam de desperdiçar dinheiro público com comunicação e perdem a próxima eleição por causa disso. Tem até uma anedota que as pessoas contam, “porque que a gente compra ovo de galinha ao invés de comprar ovo de pato?” O ovo de pato é maior, é mais substancioso que o ovo de galinha, mas porque que a gente compra ovo de galinha? O pessoal do marketing diz, é porque galinha quando vai botar, canta, a pata não. A pata bota ovo e fica em silêncio. Então a gestão pública das democracias tem essa peculiaridade, você vai gerir por quatro anos, você vai submeter tudo que você fez, toda sua ação, ao critério, ao juízo da população, a população vai avaliar aquilo e vai, ou vai reeleger ou não. É fundamental que as realizações de fato sejam feitas, os benefícios que foram compromissos de campanha sejam de fato cumpridos, mas que toda vez que isso acontecer, haja uma política de comunicação que mostre para a população, o que de fato está acontecendo. A população não tem a obrigação de enxergar os resultados da gestão, se o gestor não disser pra ela o que esses resultados de fato estão acontecendo e não demonstrar isso. Então é fundamental que três coisas sejam feitas: que haja gestão pública correta e eficiente, que a população de fato tenha benefícios desta gestão. Segundo, que haja comunicação de todas as ações do gestor. E terceiro, que haja monitoramento, através de pesquisas do humor da população, da opinião da população, afim de que o ajuste fino desta comunicação com estas realizações, sejam de fato colocadas corretamente. Sem estas três coisas, o prefeito, o político, vai depender de sorte pra ele ter sucesso e em uma conjuntura de crise econômica, de crise política, de descrédito da política e de falta de recurso público pra investimento, que nós estamos vivendo hoje, quem não cuidar da própria imagem com certeza perderá a próxima eleição, por mais bem eleito que tenha sido nessas eleições de agora.

Altair Tavares – O senhor conhece algum caso de alguém que chegou com imagem ruim em um processo eleitoral e reverteu durante uma campanha?

Luis Signates – Não, não. Imagem ruim consolidada ou não se reverte ou demora décadas pra reverter. O segredo do processo de administração da imagem pública pelo político é não permitir que a imagem degrade. Para isso você tem que saber o que está acontecendo, se você não fizer pesquisa você não sabe, se você souber e não agir, a imagem degrada a si mesmo. Agora se você souber e agir só com comunicação e não com gestão efetiva, a população enxerga contradição entre a comunicação e a gestão e a imagem degrada da mesma forma. Então é um tripé, um tamboretezinho com três pés, se faltar um, o tamborete cai.

VEJA A ENTREVISTA:

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_video link=”https://youtu.be/EAm6svRD55s” align=”center” title=”Entrevista com Luis Signates, consultor de marketing político e especialista em pesquisas”][/vc_column][/vc_row]


Leia mais sobre: / / / / / / / / Coluna Alta / Destaques

Recomendado Para Você