Coluna Alta • atualizado em 15/05/2017 às 10:50

Saúde repudia vereador de partido que tem secretaria no governo Iris

Vereador Alysson Lima fez vídeo dentro de unidade de saúde da prefeitura de Goiânia (Foto: Reprodução)
Vereador Alysson Lima fez vídeo dentro de unidade de saúde da prefeitura de Goiânia (Foto: Reprodução)

O apresentador de TV Alysson Lima (PRB) é novato na política. Foi alçado à condição de vereador com o apoio do PRB e da estrutura da Igreja Universal e TV Record. O partido dele apoia o governo de Iris Rezende, tanto que indicou o secretário municipal de desenvolvimento econômico, trabalho, ciência e tecnologia, Macxuell Novais Ferreira, que também é do PRB.

Lima incomodou a secretaria de saúde da Prefeitura de Goiânia quando fez um vídeo ao vivo para o Facebook no CAIS de Campinas (VEJA O VÍDEO, ABAIXO). “A utilização de vocabulário chulo e ofensivo, presente em vários momentos das imagens, não é condizente com o cargo parlamentar que ocupa”, afirmou a nota da secretaria.

A dura nota classificou o vereador de desinformado. “Sem qualquer embasamento, também diz que há falta de medicamentos no local, algo totalmente inverídico e que, sequer, foi checado”, revelou o texto.

A gestão de Iris Rezende, do ponto de vista político, tem um problema a resolver com o vereador que atua como se fosse oposição enquanto o partido dele tem uma secretaria na administração. Lima faz bancada com o vereador Rogério Cruz (PRB) que é bem mais comedido na atuação política.

“Deu tempo de guardar R$370 milhões no cofre da prefeitura”, acusou o vereador, referindo-se à falta de investimentos na saúde. “É dinheiro demais, prefeito (Iris Rezende), disse ele.

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“O Sr. precisa ter dignidade e vergonha na cara e arrumar a saúde pública de Goiânia:, disparou o vereador em frase dirigida ao prefeito Iris.


NOTA DA SMS

“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia manifesta veemente repúdio ao comportamento do vereador Alysson Lima durante transmissão de vídeo feita no Cais de Campinas nesta sexta-feira, 12. A utilização de vocabulário chulo e ofensivo, presente em vários momentos das imagens, não é condizente com o cargo parlamentar que ocupa – para o qual se preceitua diplomacia e decoro – e também para um comunicador, do qual se espera compostura, o uso adequado de palavras e, minimamente, compromisso com a verdade, o que o vereador Alysson Lima não demonstrou.

As próprias imagens feitas pelo vereador mostram realidade diferente da que foi narrada por ele. Nos primeiros 52 segundos de transmissão, Alysson fala em superlotação enquanto as cenas mostram uma recepção com mais da metade de poltronas vazias. Igualmente, ele afirma que há falta de profissionais quando nove médicos trabalhavam na unidade, incluindo quatro pediatras. Sem qualquer embasamento, também diz que há falta de medicamentos no local, algo totalmente inverídico e que, sequer, foi checado – o mínimo que um jornalista deve fazer. A conduta de Allyson, inclusive, põe em pauta a necessidade de reflexões sobre a era da “pós-verdade”, onde o comunicador “não é mais aquele que duvida, pergunta, reflete, busca interpretar a complexidade do mundo, mas que afirma peremptoriamente, sentencia, reitera, constrói a realidade conforme os lobbies que faz ou defende.”

Allyson ainda demonstra desconhecimento da própria realidade da administração pública. Confunde orçamento com arrecadação, ignora a classificação de risco utilizada para atendimento nas unidades de saúde, dando ênfase a casos de dores de cabeça e garganta; a contratação de novos médicos, apesar da ampla divulgação pela imprensa; assim como o custo anual de mais de R$ 1,1 bilhão que a prefeitura tem com o sistema público de saúde. Além disso, o vereador trata de modo simplório um assunto tão complexo, que perpassa investimentos em saúde nas cidades do interior do Estado, a sobrecarga do sistema da capital, o problema do pacto federativo e a imprescindível união de esforços entre governos Federal, Estadual e municipal.  Pior ainda, o vídeo expõe pacientes que lhe não autorizaram uso de imagem, algo garantido pelo Artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal; viola direitos de privacidade e bioéticos dos pacientes e funcionários, incita o caos, atrapalha a rotina de atendimento na unidade e mostra acesso a algumas alas sem vestimentas adequadas ao ambiente, algo que oferece risco à saúde dos pacientes em tratamento.

A pasta reconhece que, como em todo país, há limites a serem vencidos na rede pública de saúde municipal, mas o fato é que a atual gestão, que começou apenas há cinco meses, não tem sido inerte diante das dificuldades.  Inclusive, o gabinete da secretária Fátima Mrué, a qual Allyson Lima não procurou, está de portas abertas para lhe apresentar os avanços já obtidos e os projetos em andamento. O movimento é contínuo em busca de melhorias para a assistência em saúde dos goianienses. Movimento para o qual, aliás, é imprescindível o envolvimento de parlamentares que tenham disposição de debater ideias e que substituam a espetacularização pela busca de soluções efetivas, algo que, de fato, a cidade precisa. O diálogo é sempre o melhor caminho”.

Veja o vídeo:

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