A vitória do governo no primeiro turno de votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, na madrugada desta quinta, 4, só foi possível graças ao apoio de partidos que integram o pelotão da chamada “terceira via” e fazem oposição ao governo de Jair Bolsonaro. A reação mais dura a esse acordo, porém, veio do ex-ministro Ciro Gomes, que logo de manhã anunciou a suspensão de sua candidatura à Presidência para forçar o PDT a mudar o voto na próxima etapa.
Dos 24 deputados do partido de Ciro, 15 votaram a favor da proposta – que abre espaço no Orçamento para repasses de R$ 400 por mês do Auxílio Brasil -, seis foram contra e três se ausentaram da sessão na Câmara. Foi uma votação apertada na qual o governo precisava de 308 votos e obteve 312, após muitas ameaças de cortar emendas parlamentares. Mas o racha não foi só nas fileiras do PDT de Ciro. Partidos como PSB, PSD, PSDB, DEM, PSL e Podemos também se dividiram.
“A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas”, escreveu Ciro nas redes sociais. O ultimato do ex-ministro abriu uma crise no PDT.
‘ESCÁRNIO’
Com três nomes disputando as prévias presidenciais no próximo dia 21 – os governadores João Doria (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio -, o PSDB também foi decisivo para a aprovação da proposta. Dos 28 votos dados pela bancada tucana, 22 foram a favor da PEC. Doria considerou a medida “um escárnio” e lamentou que deputados do PSDB tenham se posicionado ao lado do governo.
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Leite, por sua vez, acusou Bolsonaro de “minar as contas públicas” e de promover “alterações casuísticas” no teto de gastos, em vez de investir em uma agenda de reformas.
O apoio à proposta, feita para durar apenas até o fim do ano eleitoral de 2022, foi grande, ainda, no PSD do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), outro nome que se apresenta como terceira via para a disputa ao Planalto.
STF
Presidente do PDT, Carlos Lupi entrou ontem ação no Supremo Tribunal Federal, na tentativa de anular o primeiro turno de votação da PEC – a segunda rodada na Câmara está prevista para o dia 9 -, sob o argumento de que o voto remoto não estava previsto. “Para a gente, do PDT, o que ocorreu cria uma mácula na imagem de oposição”, disse Lupi.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Por Marcelo de Moraes e Lauriberto Pompeu – Estadão Conteúdo
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