PUBLICIDADE

Coordenador do IFAG explica os possíveis impactos em Goiás na relação comercial entre Brasil e EUA após divulgação de dossiê

O dossiê que teria sido entregue ao presidente dos EUA, Joe Biden, com o propósito de este governo interromper as exportações de carne, soja e madeira do Brasil, a princípio, foi analisado por Leonardo Machado, coordenador institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), em entrevista ao Diário de Goiás.

Leonardo explica que a balança comercial entre os dois países é mais favorável aos americanos e destacou também que esse dossiê foi chancelado também por ONGs e que talvez pode ter alguma carga ideológica, portanto isso não deveria interferir na relação entre os dois países.

PUBLICIDADE

“Primeiro é bom colocar que além dessas pessoas que você colocou, há ONGs, então muito nos preocupa é esta situação ideológica, que participa muito e abafa muito a questão que devem ser realmente colocadas. Por exemplo, a gente não exporta pros EUA, na verdade os EUA são concorrentes nosso pro mercado chinês. Nossa questão mesmo é suco de laranja, café e carne. E esses dois, suco de laranja e café, são muito longe de áreas de florestas… em São Paulo, Minas Gerais. E a pecuária não pode ser colocada como o principal desmatador, na verdade não é, o país ele acaba sendo importante para a preservação ambiental, então a grande preocupação nossa em relação a isso é que essa discussão seja levada para o ambiente ideológico e não pro ambiente técnico e científico”, ressalta o coordenador.

O documento divulgado por uma reportagem da BBC NEWS tem 31 páginas e condena a aproximação entre EUA e Brasil. Ainda de acordo com o veículo, a aliança entre o ex-presidente americano Donald Trump com Jair Bolsonaro teria atrapalhado a imagem dos americanos como liderança pelo mundo, tornando, portanto, Washington como um parceiro não “confiável na luta pela proteção e expansão da democracia”.

PUBLICIDADE

“A relação especialmente próxima entre os dois presidentes foi um fator central na legitimação de Bolsonaro e suas tendências autoritárias”, diz trecho do texto, que recomenda que Biden restrinja importações de madeira, soja e carne do Brasil, de acordo com a BBC NEWS.

Leia Também

Para Leonardo Machado, a questão política não deve superar a técnica e científica e destaca que os EUA levam mais vantagem econômica que o Brasil no que tange à balança comercial.

PUBLICIDADE

“A relação entre EUA e Brasil [balança comercial] é mais importante pros EUA que pro Brasil, visto que é sempre negativo pro Brasil, ou seja, importamos mais americano do que vendemos. No ano de 2020, essa relação foi negativa, ou seja, importamos R$ 2 bilhões do que exportamos. E aí, basicamente nossas importações americanas elas têm como base combustíveis, gasolina, óleo bruto, basicamente isso. E exportamos pra lá aço, o petróleo bruto, partes químicas. Se pegarmos o agronegócio, que é voltando pra Goiás, o que é mais importante que a gente exporta pra lá, é carne, café e suco de laranja”, explica Leonardo.

Perguntado se economicamente o Brasil não leva muita vantagem em relação à essa parceria comercial com os EUA, Leonardo responde que sim.

“Se a gente considerar os dados da balança comercial, com certeza. Porque importamos muito deles, muito mais do que exportamos. E na questão do agronegócio, para nós aqui em Goiás, seria a carne mesmo. Algo bem específico.”

O coordenador do IFAG diz ainda que o nosso grande mercado para a venda de carne, por exemplo, atualmente é a China e o consumo interno, no Brasil mesmo.

“Na carne, o nosso grande mercado hoje é a China, ela tem comprado muito do Brasil a carne, lembrando que o grande público nosso é o público interno, então podemos colocar que é minimizado os impactos [no Brasil] devido à essa questão, pois a gente tem outros países como a China, por exemplo, e muito de nossa carne é no nosso mercado interno”, concluiu Leonardo Machado.

Thyago Humberto: