Destaques • atualizado em 18/11/2021 às 21:08

Em meio a crise no Inep, cursinhos preparam estudantes para as provas do Enem

A PF diz ainda que suspeita de "enriquecimento ilícito" de R$ 5 milhões por servidores do Inep supostamente envolvidos no esquema. (Foto: Divulgação Inep)
A PF diz ainda que suspeita de "enriquecimento ilícito" de R$ 5 milhões por servidores do Inep supostamente envolvidos no esquema. (Foto: Divulgação Inep)

A crise no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) acentuada com as declarações de última hora do presidente da República Jair Bolsonaro e do ministro da Educação Milton Ribeiro, preocupam professores e alunos de cursinhos que já se preparam para ver possíveis alterações na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O diretor Paulo Perez, do Colégio Átrio, em Goiânia explica que estas informações desencontradas de um lado do presidente, do outro, ministro da educação gera uma maior ansiedade nos candidatos às vésperas de provas.

”Já é natural o aluno ficar ansioso, esperando a prova e tentando se concentrar. E estas informações desencontradas não ajudam no psicológico neste momento”, explica o diretor.

Segundo Paulo Perez, os professores do colégio tem orientado e buscando acalmar os estudantes quanto as provas do Enem, explicando que as avaliações são absurdamente técnicas, contendo regras na composição das provas para manter a nota, o padrão, e o grau de dificuldade como todas as provas dos anos anteriores.

De acordo com Paulo, para uma questão se tornar questão de Enem, leva um período de mais ou menos um ano e meio a dois anos de elaboração. ”Ela é elaborada, pretextada e calibrada. Ou seja, leva até dois anos para ser elaborada”, explica o diretor.

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Diante da repercussão da declaração do presidente Jair Bolsonaro, onde ele diz que agora o Enem começa ter a cara de seu governo, Paulo Perez avalia o discurso ”tecnicamente de fácil entendimentos”, e deu tempo das questões serem elaboradas com o viés do governo Bolsonaro.

”Levando em conta o processo de elaboração da prova do Enem que agora já tem um período passado dois anos, deu para montar uma questão com olhar do governo”, expõe o diretor sobre seu entendimento da fala do presidente.

Paulo ainda faz uma comparação das provas de edições passadas com a atual. De acordo com ele, as provas do Enem até o ano de 2019, eram elaboradas baseadas em questões sobre o governo Getúlio Vargas, sobre ditadura militar. ”Eram temas muito relevantes nas provas de humanidades. Já faz dois anos que estes tópicos não são abordados nas provas do Enem”, avalia.

Regras das provas do Enem

Para tranquilizar os alunos, Paulo Perez explica que as regras para as provas do Enem não mudou, a matriz continua a mesma, a elaboração das questões também não alteraram e a estrutura das provas continuam como sempre foi.

De acordo com ele, o que pode provavelmente ter mudado foi o contexto de onde aquelas questões foram criadas, ou seja, baseado em qual cenário.

Orientação para as provas

Para se sair bem na prova o Enem, é importante o aluno se atentar a algumas dicas. O diretor explica que é essencial o estudante se atentar e interpretar o enunciado da questão.

Uma dica importante de Paulo é o aluno estudar as provas das edições anteriores do Enem. ”A prova do Enem não teve sua raiz alterada. Toda regra estrutural para a elaboração da prova se mantém”, explica.

Outra orientação importante que Perez trás é sobre a redação, esta que vale maior pontuação no Enem. O diretor explica que mais importante que o tema, é a estrutura da redação e do texto. ”Quem está preparado para prova do Enem, o tema não é o foco mais importante”, explica.

Quem sabe as competências cobradas e as regras de cada uma delas, tem o seu texto já estruturado, o tema não é o foco mais importante. Mas os professores de redação já estão antenados aos grandes temas de forma nacional e outra vez tentando ler as ações do próprio governo.

Segundo Paulo, talvez temas por conta da pandemia, se é a favor do Home Schooling. Se a família e os pais podem deixar os filhos em casa e o pai fazer o currículo do filho. Esse é um tema que teve muita discussão ao longo do ano. Perez explica ainda que eles não costumam repetir temas. ”O tema psicológico, emocional já foi cobrado na última prova. Eles não costumam repetir temas”, completa.

Ainda de acordo com Paulo, o Homeschooling é um tema em voga que pode ser trabalhado. O sistema carcerário brasileiro que há muito tempo se aposta que ele pode ser cobrado. Segundo Perez a grande ideia do tema é o candidato do Enem ser convocado para resolver um problema de tamanho nacional e internacional.

”Ele deve entender e dominar a linguagem do fenômeno, a causa e consequência do problema caso não seja resolvido é que a sua conclusão, na competência cinco, o candidato tem de fazer uma proposta de intervenção. O caminho que o candidato vai combater e resolver o problema”, explica.

Uma dica que Paulo deixa aos estudantes para fazer a redação do Enem, é entender que ela exige mais leitura do que escrita. ”É de conhecimento de mundo e repertório interdisciplinar. É a prova mais importante do Enem. É a única prova que dá 1000 e que o candidato tem a possibilidade de tirar mil”, enfatiza Paulo.

Fala de Bolsonaro preocupa professores

O professor e coordenador de cursos da Unialfa (Centro Universitário Alves Faria) Augusto Narikava, avalia como preocupante a declaração feita pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a nova ”cara do Enem”. Segundo Augusto, em meio as dúvidas e questionamentos sobre uma possível alteração das provas, professores se perguntam: que cara é essa? que cara do governo é essa?

Para o coordenador, com a interferência do presidente nas provas do Enem, a situação ficou muito preocupante e séria sobre qual rumo tudo isso irá tomar às vésperas das provas.

Augusto avalia a demissão em massa de 37 servidores do Inep como sendo um ar político e isso só revela que algo de errado está acontecendo. O coordenador reprisa a situação como bem preocupante e coloca em risco a própria educação do país.

”Está cada vez mais difícil falar em educação, difícil falar em uma transparência das provas se o próprio governo mexe e influência nestas provas”, comenta.

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