Destaques • atualizado em 17/02/2022 às 12:52

Homem que aparece em vídeo acorrentado por médico, diz que foi ‘brincadeira’

(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Após repercussão e até caso de polícia, na tarde desta quarta-feira (16), o delegado Gustavo Cabral ouviu o trabalhador que aparece acorrentado com pés, mãos e pescoço em vídeo gravado por um médico da Cidade de Goiás, onde ele ironiza a escravidão. O homem disse que tudo teria sido uma ‘brincadeira’.

O trabalhador tem 37 anos e informou, durante interrogatório, que trabalha há três meses para o médico. Na filmagem, registrada em uma escola municipal localizada na zona rural da Cidade de Goiás, o médico Márcio Antônio Souza Júnior, conhecido como Doutor Marcim, registra o funcionário preso às correntes.

O médico diz: “Aí ó, falei para ele estudar, mas ele não quer. Então, vai ficar na minha senzala.” De acordo com o delegado, além de informar que tudo teria sido uma brincadeira, o homem alegou também que recebe de forma regular os pagamentos pelos serviços prestados e que jamais sofreu qualquer tipo de violência, ameaça ou xingamento por parte do médico.

Médico se explica

Em sua conta no instagram, o médico Marcio Antônio Souza Júnior, gravou uma série de stories se explicando sobre o vídeo. Ele diz: ”Em relação a peça ficticia que eu e meu amigo fizemos, gostaria de deixar bem claro, a gente fez um roteiro juntos a quatro mãos, foi como se fosse um filme, foi uma zoeira”, destaca o médico.

Em outro trecho o médico diz: ”gostaria de pedir desculpas se alguém se sentiu ofendido, mas foi uma encenação teatral”. Ainda nos stories do instagram, o funcionário também aparece e diz: ”ele é como meu pai, não te como nem falar nada, sem palavras, ele que me ajuda em tudo. Quem colocou as correntes foi eu, foi uma brincadeira e as argolas foi eu. Não foi para magoar ninguém e muitas desculpas pra todo mundo”, ressalta o trabalhador.

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Repúdio

O caso chocou a população da Cidade de Goiás. A família de Márcio Antônio é tradicional e bastante conhecida no município. De pronto, a polícia classificou o ato, por mais que seja uma brincadeira, de profundo mau gosto. O delegado deverá ouvir o médico para decidir os próximos passos.

A prefeitura da cidade, por meio da Secretaria Municipal das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos, divulgou uma nota de repúdio, na qual diz que fará questão de acompanhar de perto os desdobramentos do caso.

O Núcleo Especializado de Direitos Humanos (NUDH), da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO), encaminhou ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e à Delegacia de Polícia da cidade de Goiás, nesta quarta-feira (16). Ambos os documentos solicitam a apuração de denúncias recebidas relativas a um vídeo registrado na cidade de Goiás, em que supostamente, o senhor Márcio Antônio Souza Júnior submete um funcionário a condições análogas à escravidão.

Ainda nesta quarta-feira (16), o coordenador do NUDH/DPE-GO, Marco Túlio Felix Rosa, esteve em contato com o delegado Gustavo Barreto, responsável pelo caso. O defensor público dialogou com a vítima e acompanhou sua oitiva à Polícia Civil. O caso será apurado.

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