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Lula diz que governo responsável não precisa de lei de teto de gastos

Enquanto o mercado vê com apreensão as manobras do Ministério da Economia para se esquivar do teto de gastos e abrir espaço no orçamento para viabilizar o Auxílio Brasil a R$ 400, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já defendeu a criação do benefício, declarou que um “governo responsável não precisa criar uma lei dizendo o que pode gastar”.

“As pessoas falam ‘o Lula quer gastar'”, disse, respondendo às críticas que recebe por já ter declarado ser contra o limitador de gastos. Ao ilustrar a situação, Lula disse que “é igual um pai responsável, uma mãe responsável. Ele gasta aquilo que tem que gastar, aquilo que precisa gastar. Eu não tinha lei de teto de gastos e a inflação foi controlada, crescimento aconteceu”. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (28), em entrevista à Jovem Pan de Sorocaba (SP), veículo em que seu adversário na corrida presidencial, o presidente Jair Bolsonaro, tem assento cativo.

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A imposição de um limite para os gastos públicos federais foi criada no governo de Michel Temer, em 2016, e entrou em vigor no ano seguinte. O teto é corrigido todos os anos pela variação da inflação acumulada em 12 meses até junho do ano anterior e, criado após um período de forte aumento dos gastos e da dívida pública brasileira, a medida é vista por seus defensores como uma âncora na credibilidade da política fiscal do Brasil.

Em uma análise sobre o cenário econômico nacional, o petista afirmou que “a inflação está descontrolada nos preços controlados”, a exemplo dos altos custos da gasolina, diesel e energia elétrica que, segundo ele, “não têm nenhuma lógica”. “Se o governo não controla os preços subordinados a ele controlar, ele não tem moral sequer para passar confiança nos outros cidadãos da sociedade que vendem produto para o povo consumir”, afirma.

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Dentre seus planos de governo para contornar a crise brasileira, Lula pontua que é preciso haver uma expansão de crédito concomitante à geração de emprego e distribuição de renda. “Tem que fazer com que o crédito chegue na mão das pessoas para que as pessoas possam consumir”, pontua, dizendo que só assim a “roda gigante da economia começa a girar de forma saudável”. Para ele, é preciso dinamizar a economia ao conceder créditos para diferentes setores da sociedade, desde empresários, empreendedores até produtores rurais.

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“Quando a gente faz com que o dinheiro chegue, um pouquinho que seja, no bolso do povo, o pobre deixa de ser problema e passa a ser solução”, destacou. Ao defender o papel do Estado na reestruturação econômica, Lula diz que se o governo “estiver cumprindo suas funções sociais, o Estado vai estar fazendo investimento na melhoria da qualidade de vida das pessoas”.

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Eleições 2022

A visão do ex-presidente é que o Brasil em 2023 estará em piores condições em comparação a quando assumiu seu primeiro governo, em 2003. A estimativa, no entanto, não o desestimula a competir pelas eleições. De olho em 2022, Lula afirmou que irá se dedicar para fazer com que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) seja eleito o governador paulista. Segundo ele, se o PT ganhar na disputa nacional e estadual, “aí você vai ver que revolução nós vamos fazer no Brasil”.

Relações internacionais

Com o objetivo de construir também uma agenda de influência internacional, Lula afirmou que irá cumprir compromissos em alguns países, como Alemanha, Bélgica, França e Espanha. Ao destacar o contraste de sua postura à de Bolsonaro, Lula enfatizou a importância de erguer boas relações com outras nações.

O petista relembrou episódios em que o chefe do Executivo estremeceu as relações com o mundo, como quando Bolsonaro fez piada sobre a esposa do presidente francês, Emmanuel Macron, e quando fez ataques à China e Argentina. “A gente precisa defender o interesse do nosso país fazendo coisas benéficas para o nosso país, e não fazendo bobagem e provocando os outros”, declarou. “É melhor guardar sua língua, não falar mal de ninguém, e voltar a fazer com que esse país seja respeitado.”

Lula defendeu que, diante da necessidade de construir relações internacionais, o País também tem que emprestar dinheiro para ajudar a desenvolver outras nações. “Desde que esse dinheiro emprestado preste serviço ao Brasil, gerando emprego e vendendo produto brasileiro lá fora”, condicionou. Para o ex-presidente, é preciso que a extrema direita, em ascensão no mundo, seja “vencida no discurso”. “E isso é o que eu quero contribuir para o Brasil”, finalizou.

Por Sofia Aguiar e Matheus de Souza – Estadão Conteúdo

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