Por Marcos Cipriano, Jornalista
O encontro da quinta, 3, entre Marconi Perillo e Iris Rezende, no Paço Municipal, é o que se pode dizer de “show de democracia”. Primeiro é resultado do amadurecimento de dois líderes políticos carismáticos que, ao longo de suas trajetórias públicas, se amaram, se odiaram, divergiram, convergiram, mas acima de tudo se respeitaram. É um exemplo claro de que a democracia pode não ser algo perfeito e acabado, mas é o melhor dentre os demais sistemas políticos.
“Há um sincero respeito da minha parte em relação ele e sinto isso da parte dele em relação a mim. Nós somos políticos experimentados, maduros, compreendemos o quanto é importante a colaboração de um ente federado com outro”, disse o governador no encontro de hoje.
O tucano e o peemedebista juntos são sinônimos de boas manchetes, não apenas por se tratar de dois homens públicos que, ao longo de suas trajetórias políticas, se combateram, mas que souberam aceitar o jogo democrático, que pressupõe às vezes cuidar dos feridos e enterrar os mortos, um dos mandamentos da arte da guerra.
Três décadas separam Iris de Marconi, mas o prefeito mostra uma vitalidade de fazer inveja a homens de meia idade. É sempre intrépido, incansável, atuante, qualidades que caem curiosamente como uma luva no figurino de Marconi, junto com Iris o mais intenso líder político de toda a história de Goiás.
Por obra do destino, os dois não serão candidatos ao cargo de maior hierarquia em Goiás, no processo eleitoral de 2018 e estão livres das amarras e das carnificinas típicas de um embate eleitoral.
No fundo, Iris sempre admirou Marconi, porque via nele a figura de um herdeiro político que sempre quis ter. Marconi, por sua vez, aprendeu muito de sua compreensão sobre o exercício do poder em toda a sua plenitude, acredite, com o próprio Iris, o professor que um dia foi levado à lona pelo aluno, mas que nunca deixou de reconhecer o talento do mestre, mesmo não concordando com a prática política dele e a mão pesada com a qual batia nos adversários.
Marconi herdou a sensibilidade e a visão social de Henrique Santillo, seu grande farol, mas curiosamente, mesmo em trincheiras opostas, aprendeu com Iris que manda quem pode, obedece quem tem juízo. E Iris, mesmo tendo passado pelo dissabor de ter visto a “cria de Santillo” se tornar um dos maiores vultos da política de Goiás, sabe que também escreveu seu nome na história.
Hoje, esses dois líderes, que escolheram combater o bom combate, sentaram-se democraticamente para debater os interesses maiores da pólis, a querida Goiânia. Estavam no mesmo ambiente o professor que virou aluno e o aluno que virou professor. Dois líderes carismáticos de grandeza ímpar, dois homens públicos que escreveram na história política de Goiás, um dos seus mais belos capítulos.
Calejado pelos janeiros nas costas, Iris sabe que verdadeiramente governo não deve fazer oposição a governo. Marconi, por sua vez, no exercício do quarto mandato de governador sabe nada é para sempre e que a melhor maneira de vencer um adversário é respeitá-lo e enfrentá-lo de frente e, nas palavras do grande pacifista Nelson Mandela, “devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero”.