O ex-presidente João Batista Figueiredo foi o último General da ditadura militar do Brasil. Numa entrevista histórica ao jornalista Alexandre Garcia, que tratou o entrevistado como “amigo” (Fruto de um tempo que foi assessor do presidente), ele revela a versão dele de vários fatos históricos. O documento audiovisual não é inédito, mas de observação necessária por que compõe a memória política brasileira.
De um lado, um ex-presidente com movimentos nervosos e, de outro, um jornalista com perguntas diretas. A entrevista foi realizada ao fim do governo dele, em março de 1985. O mandato foi iniciado em março de 1975 e Tancredo Neves iria assumir a presidência após eleição no colégio eleitoral do Congresso Nacional. Na entrevista, Iris Rezende, é citado como um oposicionista que foi ao Palácio do Planalto convidar o General para os comícios das “Diretas Já”.
Figueiredo reclamava, também, da imprensa, como governantes atuais: “O trabalho da imprensa no meu governo foi trabalhar contra mim”.
“Isso é bom perguntar a ele”, respondeu Figueiredo sobre o distanciamento do vice presidente Aureliano Chaves (Do antigo PDS). Como na situação entre Dilma Roussef e Michel Temer, o conflito ficou evidente.
Na entrevista, o ex-presidente conta até duas piadas que ouviu sobre ele.
Leia Também
“A última coisa que ouvia falar era em Brasil”, disse Figueiredo ao comparar o que ouvia falar dentro dos quartéis. Ele revela que as pressões e conversas daqueles que o procuravam raramente falavam dos interesses do país, mas dos particulares.
Figueiredo conta a história da frase “eu prendo e arrebento”. Ele se referia àqueles que impediam o retorno da democracia.
“Eu nunca estive na eminência de dar um golpe (…) foi a maior história de ficção que eu já ví na minha vida”, contou Figueiredo sobre reportagem da revista Veja que falava da possibilidade de um golpe militar.
Ao final da entrevista, Figueiredo citou uma célebre frase atribuída a ele: “Me esqueçam”. E, completou, referindo-se a fim do governo e ao descanso que iria gozar: “Não me venham conversar sobre política que aí eu abro o meu arquivo”. Fim da entrevista. O jornalista não perguntou sobre o quê ele tinha.
Leia mais sobre: Ditadura Militar / História Política / João Batista Figueiredo / Destaques / História Política