O balanço financeiro e fiscal do Governo de Goiás em 2016 foi apresentado pelo governador Marconi Perillo, em entrevista coletiva nesta sexta, 30. Segundo ele, “os resultados são alvissareiros, frutos de um grande esforço comandado por nossa equipe”. A previsão para 2017 é de investimentos que podem variar entre R$1,5 a R$ 2 bilhões.
Os números da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) mostram que o Governo de Goiás registrou superávit primário ( Receita menos Despesa) de R$ 600 milhões em 2016, valor seis vezes superior ao projetado para o ano e 100 vezes superior aos R$ 6 milhões registrados em 2015.
O resultado orçamentário também mostra expressiva melhora nas contas públicas, com superávit de R$ 600 milhões, após dois anos de déficits superiores a R$ 1 bilhão – R$ 1,8 bilhão em 2015 e R$ 1,8 bilhão em 2014.
Após crescer no ano passado, a relação dívida/receita caiu em 2016 e está perto do limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) Os limites legais de endividamento prosseguiram dentro dos limites legais, com folga, mesmo após a assunção da operação de crédito da Celg Distribuição, privatizada em novembro passado.
Abaixo, a íntegra da entrevista coletiva do governador Marconi Perillo:
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REPERCUSSÃO NACIONAL DOS AJUSTES FEITOS EM GOIÁS
“Tem sido comum jornalistas experientes, como Miriam Leitão, colocarem Goiás entre os dois Estados que melhor desempenharam seu dever de casa”
Tenho impressão que o saldo fiscal das nossas contas deve ser proporcionalmente o melhor do País. Não sei como estão os outros. Tem sido comum nestes últimos dias jornalistas experientes, como Míriam Leitão, fazer vários comentários colocando Goiás entre os dois estados que melhor desempenharam seu dever de casa. Valor Econômico, Estadão, Folha, vários veículos nacionais têm evidenciado esse esforço nosso, durante esse tempo. Num tempo em que o Brasil ficou 8,3% mais pobre. Em dois anos e três meses o PIB caiu 8,3%. Isso significa que, como o PIB representa a riqueza bruta do País, significa que o Brasil ficou 8,3% mais pobre nesses últimos dois anos e três meses.
CELG: APLICAÇÃO DE RECURSOS DA PRIVATIZAÇÃO
“Vamos investir na conclusão de projetos estruturantes: obras, saúde, educação, segurança, ensino profissionalizante, saneamento básico”
Agora que o contrato foi finalmente homologado pela Aneel, existem ainda os trâmites de transição, creio que os recursos entrem por volta de fevereiro. Não há pressa, até porque não dá para fazer obra com tempo chuvoso. Até lá, todo planejamento estará concluído. Está praticamente todo pronto. Nós vamos investir fundamentalmente na conclusão de projetos estruturantes: obras, saúde, educação, segurança, ensino profissionalizante, saneamento básico. Os recursos vão ser bem investidos, principalmente na conclusão de projetos.
OSs NAS EDUCAÇÃO
“Se dependesse de mim, todas as escolas já estariam sendo administradas por OSs”
Se dependesse de mim, todas as escolas já estariam sendo administradas por OSs. Não há nada que tenha dado mais certo na gestão pública do que a gestão por OS na Saúde. Todas as unidades de Saúde do Estado estão sendo administradas por organizações sociais, sob a supervisão, monitoramento, fiscalização e orientação do governo do Estado.
Quem define o escopo do que vai fazer somos nós. Quem executa são eles. E com muito melhores condições do que o Estado. O Estado tem amarras. Uma delas é o fato de estar sendo obrigado a contratar pelo regime estatutário – as OS podem ser contratadas pelo regime celetista. Isso significa que o Estado, com o regime celetista, pode manter os bons e demitir os que não são bons, os que não cumprem metas.
Outro benefício da OS, além da qualidade da gestão, que é uma gestão privada, profissional, também tem o fato de que as OSs não estão tão presas à Lei 8666, que muitas vezes impede que um aparelho de raio x, um elevador ou um tomógrafo fique parado seis anos, por conta de licitações que são feitas, depois impugnadas, outras licitações são realizadas, enfim, se judicializa e nunca se chega a um denominador comum, a uma solução.
O doente grave, principalmente na urgência e emergência, ele morre em segundos ou em minutos. Se o Estado não estiver preparado para atender – e atender bem – naquela hora, a gente perde uma vida. Não dá para esperar seis anos para consertar um aparelho. Nós temos hoje um modelo de gestão exitoso na saúde.
RESULTADOS FINANCEIROS E FISCAIS
“Neste ano, multiplicamos por 100 vezes o superávit primário do ano de 2015”
Vou anunciar os resultados financeiros e fiscais do governo do Estado no exercício de 2016. Posso adiantar a todos que esses resultados são alvissareiros, frutos de um grande esforço, comandado por nossa equipe econômica, sobretudo pela secretária de Fazenda, Ana Carla Abrão Costa, que está deixando o governo depois de dois anos de intenso trabalho, intensa dedicação, profissionalismo e muita competência. A toda equipe econômica comandada pela Ana Carla, meu muito obrigado pelos resultados que vou apresentar agora.
Os fundamentes desse trabalho que foi realizado na estruturação fiscal e financeira do Estado estão relacionados à política fiscal do governo de Goiás, que produziu resultados positivos em um cenário altamente adverso e de grande crise econômica. A maior crise econômica brasileira de todos os tempos. Dois anos e três meses de recessão, com o empobrecimento do Brasil e do brasileiro em 8,3%. Esse foi o percentual de queda no PIB nesse período.
Em meio à maior crise econômica do País, portanto, e após dois anos de intenso ajuste fiscal, o Estado de Goiás encerra o ano de 2016 com resultados positivos em suas contas públicas. Primeiro número: superávit primário, que é a maior exigência do Tesouro Nacional em relação às metas de ajuste fiscal, a meta para este ano de 2016 era de R$ 100 milhões de déficit. Ou seja, R$ 100 milhões negativos. Mas em 2016 o superávit primário foi cumprido com ampla folga e será de mais de R$ 600 milhões positivos.
Um dado importante a ser registrado é que, depois de muito esforço, fechamos o ano de 2015 com R$ 6 milhões de superávit primário. Isso significa que, neste ano, multiplicamos por 100 vezes o superávit primário do ano de 2015. Esse é um motivo para comemoração.
RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
“Gastamos R$ 600 milhões a menos do que estava previsto no orçamento para 2016”
O resultado orçamentário é a diferença do que está no orçamento e o que o governo gastou. Nesse caso, nosso superávit também foi de R$ 600 milhões. Ou seja, gastamos R$ 600 milhões a menos do que estava previsto no orçamento para 2016. Revertendo de forma substancial e notável a tendência que estava negativa nos últimos anos, em particular do ano passado.
Para ter uma ideia, em 2015 tivemos um déficit orçamentário de R$ 1,8 bilhão. Em 2014, esse déficit foi de R$ 1,3 bilhão. Em 2016, graças a todo esforço nosso, chegamos a R$ 600 milhões de superávit orçamentário.
Chegamos a esse resultado pelo fato de termos adiado o pagamento dos aumentos da Segurança Pública e de outras áreas do governo, o fato de termos reduzido os investimentos por conta da crise econômica e, fundamentalmente, as mesadas de custeio. Ou seja, a grande economia se deu na área das despesas correntes.
RESULTADO NOMINAL
“Todos os níveis de endividamento continuam sendo ampla e rigorosamente cumpridos com folga”
Nós tivemos um aumento por conta da assunção, pelo governo do Estado, pelo Tesouro do Estado, de uma dívida que a Celg Participações tinha com a União. Essa dívida de R$ 2,1 bilhões foi assumida pelo Tesouro estadual. Com isso, nosso déficit nominal ficará por volta de R$ 1,5 bilhão. Entretanto, se não fosse essa assunção, teríamos um superávit nominal de R$ 400 milhões no ano de 2016. Ou seja, se separarmos a assunção desta dívida, tivemos um superávit nominal de R$ 400 milhões.
Ainda assim, é importante ressaltar que todos os níveis de endividamento continuam sendo ampla e rigorosamente cumpridos com folga. Não fossem os efeitos dessa assunção, o resultado nominal teria sido positivo em mais de R$ 400 milhões, reforçando os efeitos das ações de equilíbrio empreendidas nos últimos anos.
Nós pretendemos em 2017 receber uma dívida que a União tem em relação ao Estado de Goiás, por conta de investimentos e gastos que o Estado fez em subsídios à Codemin, que é a Companhia de Níquel de Niquelândia. Essa ação está no Supremo Tribunal Federal. O ministro Gilmar Mendes já está com parecer favorável. Nesse momento, estamos buscando um acordo nos autos, com o Ministério da Fazenda, a fim de finalizarmos essa ação pacificamente. Com isso, vamos abater esses recursos em dívida externa do Estado. Com certeza, se isso acontecer, teremos uma redução da dívida e um resultado nominal, ao final do ano de 2017 muito melhor.
RENEGOCIAÇÃO DAS DÍVIDAS DOS ESTADOS
“Conseguimos economizar em 2016 R$ 700 milhões em pagamentos de juros e amortizações”
Goiás teve um papel de protagonismo nessa negociação desde o início, comigo e com a secretária Ana Carla. Essa renegociação do Governo Federal – e eu agradeço a sensibilidade do presidente Temer, ministro Meirelles, toda equipe econômica do governo e também do Congresso Nacional. Nós conseguimos economizar em 2016 R$ 700 milhões em pagamentos de juros e amortizações.
Com apoio da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e ampla negociação liderada por Goiás em nível federal, o Projeto de Lei do prolongamento da dívida foi finalmente aprovado pelo Congresso Nacional.
Os efeitos adicionais dessa renegociação e da aprovação dessa lei pelo Congresso serão sentidos nos próximos anos e deverão permitir outros R$ 700 milhões de economia no pagamento de juros, serviços e amortizações no ano de 2017. Ou seja, tivemos uma redução no pagamento da dívida de R$ 700 milhões em 2016 e termos outra redução de R$ 700 milhões no ano de 2017. Isso será importante também para a volta dos investimentos.
RECEITA
“Em 2015, as receitas totalizaram R$ 15,6 bilhões. Em 2016, subiram para R$ 16,8 bilhões”
Do ponto de vista da Receita, a equipe liderada pela Ana Carla também teve êxitos. Apesar do cenário de PIB negativo de mais de 3% negativo, apesar de toda cena nacional de retração econômica e desemprego, nós conseguimos um crescimento de receita, um crescimento nominal de mais de 8%.
Isso significa um crescimento real pequeno, mas positivo, de 1,2% em relação às receitas do ano de 2015. Em 2015, essas receitas totalizaram R$ 15,6 bilhões. Em 2016, subiram para R$ 16,8 bilhões. Uma diferença superior a R$ 1,2 bilhão.
MUTIRÃO DE NEGOCIAÇÃO FISCAL
“Conseguimos recuperar aos cofres públicos R$ 970 milhões”
Outro ponto que gostaria de destacar, nesse esforço todo, foi o Mutirão de Negociação Fiscal concluído recentemente. Tínhamos a expectativa de arrecadar algo em torno de R$ 250 milhões. Conseguimos que mais de 40 mil contribuintes regularizassem suas contas.
Conseguimos recuperar aos cofres públicos R$ 970 milhões. De uma previsão de R$ 250 milhões, quase que multiplicamos por quatro essa expectativa. Sendo que R$ 240 milhões foram pagos à vista e outros R$ 730 milhões, parcelados. Ou seja, com esse parcelamento, o Tesouro terá aproximadamente R$ 30 milhões por mês, a mais, do que tivemos em 2015.
GASTO COM PESSOAL
“[Com 46,8% de comprometimento], andamos muito pertinho do limite prudencial [preconizado pela LRF].”
O controle rigoroso do crescimento das despesas também foi fundamental para reverter a trajetória de crise e não permitir que Goiás trilhasse o caminho de outros estados. Com isso , gradativamente, foi reduzido o comprometimento das receitas do Estado com gastos de pessoal, que ultrapassou o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal no início de 2015.
No terceiro trimestre do ano ficou próximo desse limite. Em 2014, o comprometimento foi de 45,9%, em 2015, 48,6%, muito perto do limite total, que é de 49% e em 2016 trouxemos para 46,8%. O limite prudencial é de 46,6%. Então andamos muito pertinho do limite prudencial.
Agora, com a reforma que estamos aprovando na Assembleia, com a PEC do limite dos gastos, vamos ter um limite anterior ao prudencial, que vai ser um limite de alerta. Então, não vamos poder contratar o limite de alerta. Mas estamos atentos para melhorar ainda mais essa trajetória e continuarmos cumprindo o que estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A relação receita/folha em 2015 chegou a ultrapassar e posteriormente fechou o ano muito próximo ao teto da LRF. E no terceiro trimestre deste ano ficou próximo de retornar aos valores abaixo do limite prudencial, conforme já foi dito.
RESTOS A PAGAR
“Dificilmente teremos outro Estado com um resultado semelhante ao nosso”
Em relação aos restos a pagar, tivemos uma diminuição significativa. A diferença entre 2015 e 2016 foi de R$ 500 milhões a menos. Também tivemos uma redução muito significativa da conta centralizadora. Não temos números fechados neste momento – imagino que ainda hoje ou amanhã tenhamos, mas ele é significativamente muito menor do que 2015.
Esses são os resultados principais na área econômica do governo do Estado. Posso afirmar que dificilmente teremos outro estado com um resultado semelhante ao nosso. Pelos números, creio que estamos entre os três estados com melhores resultados, fundamentalmente por conta dos ajustes que nós fizemos ao longo dos últimos três anos.
INVESTIMENTOS PARA 2017
“Teremos entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões de investimentos”
Minha expectativa é que teremos entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões de investimentos, fora o que será investido pelas empresas. A Companhia de Saneamento fará investimentos altos, por conta de empréstimos, por conta de recursos federais, recursos do Tesouro. A Companhia Energética privatizada fará no ano que vem um investimento de R$ 1 bilhão, em 2018 mais R$ 1 bilhão e em 2019 mais R$ 1 bilhão. Isso é uma obrigação contratual.
Então, investimentos diretos do governo do Estado, com recursos de privatização, fundos, vinculações, Tesouro, deve chegar a esse patamar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões.
CONVÊNIOS COM PREFEITURAS
“Estamos apartando R$ 200 milhões para convênios com prefeitos em 2017 e R$ 200 milhões em 2018”
Estamos apartando R$ 200 milhões para convênios com prefeitos em 2017 e R$ 200 milhões em 2018, com recursos do Tesouro. Não são recursos de privatização. São recursos que já reservamos para atender a todos os municípios que tenham certidões, que tenham condições de receber recursos do governo estadual.
Nosso desejo é que a Caixa Federal seja intermediadora, fiscalizadora e repassadora desses recursos. Até porque a Caixa Econômica tem uma expertise, porque ela é a repassadora de todos os recursos da AGU, do PAC. A ideia é que a cada medição, atestada pela Caixa, o governo paga aquela parte do convênio. Com isso, vamos ter mais segurança em relação à qualidade dos investimentos.
Já recebi 106 prefeitos. Em janeiro, vou receber 84. Estou conversando com eles, juntamente com sindicatos, associações, igrejas, que trazem as demandas. Agora em janeiro, o vice-governador vai começar a ir às cidades para validar isso com a população. Eles trouxeram alguns pedidos e agora ele vai voltar às comunidades para saber se realmente é aquilo que a comunidade deseja. 99% dos pedidos são para recapeamentos de ruas e avenidas e asfalto. Tem pedidos para as áreas da Saúde, Educação, etc, mas fundamentalmente é isso. Todo mundo também pede ambulância e microônibus.
Cidades pequenas não têm dinheiro para manter hospital municipal, quando muito um posto de saúde. Então, eles usam as ambulâncias. Quando concluirmos os hospitais regionais que faltam, teremos uma redução maior nas demandas em relação a Goiânia e às cidades onde têm bons hospitais.
Conseguimos dar uma boa regulada forte na urgência em Goiânia com o Hugol, dobramos também os leitos do Hugo, com a melhoria significativa do Hutrin que voltou ao governo do Estado, com o Huapa e o Huana. Com isso, conseguimos distribuir bem o atendimento nesta área de urgência e emergência.
JUROS SELIC
“Espero que o governo aprove a reforma e encontre um caminho rápido para começar a trajetória da redução permanente dos juros”
Minha expectativa, minha esperança é que os juros comecem a cair. É que a equipe monetária do governo, o Banco Central, comece a entender a importância da queda dos juros.
Para que isso ocorra, o governo tem que aprovar as reformas, principalmente a reforma da Previdência. Porque senão, o governo continua dependendo de capital externo para poder bancar do déficit financeiro do governo.
Esse ano, o déficit financeiro ficou um pouquinho abaixo da meta, abaixo dos R$ 170 bilhões – R$ 168 bilhões. A previsão para o ano que vem é de um déficit de R$ 150 bilhões. Mas enquanto o governo não diminuir para valer esse déficit financeiro, ou seja, essa dependência do capital estrangeiro, ele não terá condições de reduzir as taxas de juros. E se ele não reduzir as taxas de juros, não vamos ter injeção de ânimo, ou seja, de recursos na economia.
As pessoas não vão tomar dinheiro para qualquer tipo de atividade com os juros nesse patamar que estão hoje. À medida que as empresas, indústrias, comércio, serviços e profissionais liberais não tomam dinheiro emprestado para melhorar sua atividade é impossível voltar a geração de empregos.
Eu espero, sinceramente, que o governo aprove a reforma e encontre um caminho rápido para começar a trajetória da redução permanente dos juros.
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