Embora o ano de 2020 tenha apontado um comportamento muito específico, a retração da economia já é uma realidade amargada no País há algum tempo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil fechou mais empresas do que abriu entre 2014 e 2018, um reflexo da recessão de 2015 e 2016. A diferença entre as que entraram e saíram do mercado nesse período foi de menos 65,9 mil. No total, 382,5 mil estabelecimentos foram fechados, o que levou à perda de 2,9 milhões de postos de trabalho.
Os dados foram divulgados em outubro através do estudo Demografia das Empresas de Empreendedorismo 2018. Em um cenário mais atual, a Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19, também do IBGE, publicada em julho, detectou o fechamento de mais de 700 mil empresas em função da crise sanitária. Na contramão dessa realidade segue a história de de Rafael Lemos, cabeleireiro e maquiador de renome no mercado Goiano que aposta na sua própria marca ao inaugurar o salão Studio de Beleza e se destaca em um ano cheio de intempéries.
Rafael acredita na retomada da economia principalmente por causa do início da vacinação no mundo. Por isso, depois de muitos anos atendendo em salões renomados da cidade, encara sua fase empreendedora. Vale lembrar, que os negócios de beleza foram um dos mais afetados pela crise provocada pelo coronavírus. Os salões tiveram suas portas fechadas pela obrigação do distanciamento social e mesmo depois de abertos, os estabelecimentos tiveram que encarar a queda no serviço diante da insegurança da clientela. Rafael lembra que mesmo depois da flexibilização do distanciamento social, as clientes que semanalmente frequentavam salões, não voltaram em sua totalidade.
Fase difícil
Ele recorda que muitos profissionais talentosos tiveram que pedir ajuda a familiares ou tentar outros negócios. De acordo um estudo da Beauty Fair, até 84% dos cabeleireiros solicitaram o auxílio emergencial, mas apenas 39% receberam ajuda do governo brasileiro. “Outro fator que impactou muito foi a questão econômica. Diante da insegurança pelo emprego, por exemplo, os clientes elegeram outras prioridades”, diz.
A Beauty Fair mostrou também que 54% dos cabeleireiros atuam como Microempreendedores Individuais (MEI). Profissionais autônomos representam 51% dos respondentes, 23% trabalham em salões de terceiros e 22% são sócios ou proprietários. As respostas também indicaram que 4% ficaram desempregados durante o fechamento dos salões. No período em que a pesquisa foi aplicada, terceira semana de julho, 55% já haviam retomado as atividades no salão. O atendimento em domicílio também passou a ser uma realidade para 31% dos cabeleireiros, que ainda atendiam em suas casas ou na dos clientes.
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