Sancionado em abril pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, o Cadastro Positivo, que entra em vigor no próximo mês de julho, vai inaugurar uma nova fase do crédito no país. Um dos principais benefícios da iniciativa, o crédito mais acessível e barato, deverá impactar diretamente a inadimplência, que atinge todas as regiões do país. O atual modelo de crédito das empresas credoras desconhece o real nível de endividamento dos consumidores, o que dificulta e encarece a obtenção dos recursos.
Um estudo realizado pela ANBC (Associação Nacional dos Bureaus de Crédito), com base em dados do setor e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra de que forma a inadimplência se distribui hoje entre as gerações, nas diversas regiões brasileiras. Atualmente, cerca de 60 milhões de pessoas têm contas em aberto no país, o que equivale a 40% da população economicamente ativa.
No Centro-Oeste, com uma população de cerca de 16 milhões de pessoas, há 4,7 milhões de inadimplentes, ou 30% da população local que podem ser beneficiadas com o Cadastro Positivo. Essas pessoas devem em média R$ 5.553,00, o que faz da região a de maior tíquete médio de dívida do Brasil. A faixa etária entre 41 e 50 anos é a que apresenta o maior número de inadimplentes, contando com 981 mil indivíduos e dívida de R$ 6.876.
Já o grupo acima de 61 anos apresenta o menor número de inadimplentes, com 565 mil pessoas e dívida média de R$ 5.984. Os mais jovens, na faixa de 18 e 25 anos, com 674 mil inadimplentes, apresentam o menor tíquete médio, no valor de R$ 2.754. O fato de os mais jovens apresentarem índices menores é natural, pois ganham menos e têm seus gastos menos comprometidos, assim como sua capacidade de obter crédito.
“Ao considerar os dados nacionais e regionais, percebemos que a inadimplência tem fatores peculiares em cada momento da vida. Os jovens sofrem com o cenário de desemprego, e a dificuldade de acesso ao ensino só piora esse quadro. Os mais velhos têm outros motivos de onerosidade excessiva do orçamento, como uma família para sustentar, o que por si só já aumenta muito os gastos”, diz o presidente da ANBC, Elias Sfeir.
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Ainda segundo o executivo, além da necessidade de criar oportunidades de trabalho para os mais jovens, a melhor forma de evitar a inadimplência é o planejamento financeiro. Para ele, o novo Cadastro Positivo deve ter uma forte contribuição para aumentar a transparência de informações e melhorar a avaliação de crédito, reduzindo a inadimplência e, consequentemente, levando à queda das taxas de juros para o bom pagador.
Com o novo sistema, o brasileiro será avaliado de maneira individual e mais completa, diminuindo a burocracia das consultas e tornando mais simples a obtenção de crédito. A ação permitirá à população negociar melhores taxas e condições, contribuindo para o planejamento financeiro, resultando na redução das dívidas. Em todo o território nacional, o CP tende a promover uma redução de até 45% no número de devedores.