Economia

Com perspectiva de safra recorde, produtores de soja buscam ampliar oferta de energia em Goiás

Com perspectiva de safra recorde, produtores de soja buscam ampliar oferta de energia em Goiás
Com perspectiva de safra recorde, produtores de soja buscam ampliar oferta de energia em Goiás

Produtores rurais e lideranças políticas defenderam maiores investimentos em infraestrutura energética para potencializar o desenvolvimento do Estado, durante evento que marcou a Abertura do Plantio de Soja Goiana. Com mais de 1 mil pessoas presentes entre produtores e autoridades, o evento foi realizado neste sábado (27/09) pela Associação dos Produtores de Soja, Milho e Outros Grãos de Goiás (Aprosoja-GO), na Fazenda Tamburi, em Nova Crixás (GO).

O local escolhido não foi por acaso: fica na região do Vale do Araguaia, que é a nova fronteira agrícola do Estado, com potencial para ajudar a elevar Goiás para a 2ª posição no ranking nacional de produção, mas que enfrenta desafios como a falta de disponibilidade de energia elétrica. Na última safra, Goiás colheu 20,75 milhões de toneladas de soja, das quais 10% tiveram origem no Vale do Araguaia.

Durante o encontro, produtores destacaram os investimentos já realizados na região e reforçaram a avaliação de que o déficit energético é hoje o principal obstáculo para acelerar a expansão da nova fronteira agrícola. Eles ressaltaram que a parceria firmada com o governo tem como prioridade a busca por soluções para ampliar a oferta de energia, bem como incrementar a malha logística.

O presidente da Aprosoja-GO, Clodoaldo Calegari, afirmou que a entidade não deixará o tema em segundo plano. “Temos um estado estacionado por conta da falta de fornecimento de energia. Nessa questão, não vamos dar refresco, vamos para cima e insistir”, disse. Ele convocou os presentes a se engajarem no fortalecimento da região. “Transformar potencial em potência não é fácil. Mas queremos fazer isso. Se cada um de nós se dedicar um pouco e abraçar uma causa, a gente chega lá.”

O vice-governador Daniel Vilela (MDB) reforçou o potencial produtivo do Vale do Araguaia e o papel dos produtores e entidades do setor para acelerar o desenvolvimento da região. “Estamos fazendo uma demonstração da grande expectativa que Goiás, o Brasil e o mundo têm dessa região se tornar uma nova fronteira agrícola que vai abastecer e aumentar a produção do nosso estado”, afirmou. O governo estadual, juntamente com produtores e lideranças locais, estão formando um grupo de trabalho para pressionar as autoridades do governo federal e a concessionária de energia elétrica para que direcionem investimentos na rede elétrica no Vale do Araguaia.

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Daniel Vilela contou que também existe uma negociação do governo do Estado com o Ministério de Minas e Energia para garantir que o novo linhão, que será leiloado em outubro, beneficie diretamente a região.

José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), também declarou apoio à pauta. “Nós, da Faeg e Aprosoja, estamos junto ao governo no sentido de apontar os principais gargalos e também participar dessas decisões. Isso tem feito a grande diferença em nosso estado de Goiás.” Ele citou rodovias já concluídas como exemplos de investimentos e destacou que a energia é peça-chave para ampliar áreas irrigadas. “Não tenho dúvida que, resolvendo o problema da energia elétrica, a área irrigada será ampliada e teremos uma região de alta prosperidade e de alto desenvolvimento, como outras do estado.”

Nova fronteira agrícola

Composto por 11 municípios, o Vale do Araguaia já responde por cerca de 10% da safra de soja e 15% do milho cultivado em Goiás. O potencial de expansão é expressivo: há possibilidade de ampliar em 50% a área agricultável e converter mais de 2 milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas produtivas.

Desde 2019, a produção da região cresce sete vezes mais do que a média estadual, favorecida pelo relevo e pela abundância de terras e recursos hídricos. Para o ex-deputado federal e ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, um dos palestrantes, trata-se de uma transformação notável. “Com essa nova fronteira, o estado continua tendo o papel de uma das maiores bacias de grãos do Brasil. Isso aqui pouco produzia há 30 anos. O espírito empreendedor dos nossos produtores rurais transforma o Brasil em uma esperança contra a epidemia de fome mundial”, afirmou Aldo Rebelo, destacando os avanços que o agronegócio tem promovido em regiões que eram antes pouco desenvolvidas economicamente.

Sustentabilidade e logística

Outro aspecto ressaltado durante o evento foi a sustentabilidade. De acordo com Erik Figueiredo, presidente do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), a produção no Vale não apenas respeita o Código Florestal Brasileiro, como também contribui para recuperar terras antes improdutivas. “A produção na região vai além do conceito tradicional de sustentabilidade e promove grandes avanços para o meio ambiente”, disse.

A concentração de cultivos em áreas degradadas amplia a captura de carbono e favorece a preservação ambiental. A região tem cerca de 259 mil hectares de área degradada, cuja recuperação custaria aproximadamente R$ 3 bilhões num período de cinco anos.

Além disso, a ampliação da malha logística deve impulsionar o desenvolvimento. Estimativas apontam para um crescimento de 9,6% no PIB agropecuário regional, o equivalente a R$ 132,6 milhões, além da criação de quase 10,8 mil empregos formais nos próximos anos com a possível implantação do Terminal Logístico de Grãos da Ferrovia de Integração Centro-Oeste.


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Altair Tavares

Editor do Ciberjornal que sucedeu desde fevereiro de 2025 todo o conteúdo do blog www.altairtavares.com.br . Atuante no webjornalismo desde 2000. Repórter, comentarista e analista de política. Perfil nas redes sociais: @altairtavares