De acordo com dados do Portal do Empreendedor, nos últimos 5 anos, coincidentemente um período difícil para a economia brasileira, o número de Microempreendedores Individuais (MEIs) cresceu mais de 120%. Para se ter uma ideia, em outubro de 2019 o País superou, pela primeira vez, a marca de 9 milhões de MEIs. Mas apesar disso, um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado em 2018, mostra que de cada quatro empresas abertas no Brasil uma fecha antes de completar dois anos de existência. Com a crise ocasionada pelo a pandemia do novo Coronavírus, esse quadro deve de agravar e muita gente já pensa numa renda extra para se recuperar financeiramente.
Grande parte dessa mortalidade precoce dos pequenos negócios se dá principalmente por erros típicos de quem está começando, em especial aquelas pessoas que empreendem em casa mesmo. Evitar essas falhas típicas de quem não tem muita ou nenhuma noção de gestão é um dos objetivos do Programa “A Casa de Bolos Marajoara”, que irá capacitar pequenos confeiteiros e confeitarias por meio de cursos onlines e gratuitos.
O projeto que já conta com mais de 600 inscritos, foi lançado recentemente pelo Grupo Marajoara Alimentos. As incrições para se ter acesso ao conteúdo gratuito devem ser feitas pelo endereço eletrônico: https://materiais.marajoaraalimentos.com.br/casadebolos. O programa de capacitação contínua irá ensinar aos seus participantes várias receitas altamente vendáveis e de baixo custo, e ainda como calcular os preços de venda dos produtos, montar estratégias de divulgação pelas redes sociais, como calcular as calorias das porções, entre outros itens.
Clareza dos custos
Com experiência de oito anos em orientação e consultoria sobre finanças pessoais, o planejador financeiro Maurício Vono é parceiro do programa e desenvolveu uma planilha para ajudar aos empreendedores participantes a como gerir o negócio e garantir sua lucratividade. Ele também orienta sobre os erros principais cometidos por quem está começando um negócio e como evitá-los. Um deles, segundo o especialista, é não ter clareza sobre os custos do empreendimento. Ele lembra que, na grande maioria das vezes, a pessoa empolgada em ter o próprio negócio ou querendo fugir de uma situação de desemprego, acaba não fazendo um bom planejamento sobre o quanto irá gastar e o quanto poderá ganhar.
“As pessoas muitas vezes não têm a mensuração certa do custo do seu produto, aplica preços de mercado, mas se esquece que o preço do seu produto tem que ser de acordo com o seu custo específico. Se você faz um produto, um bolo por exemplo, que tem um diferencial em relação a outros produtos, isso deve ser considerado na composição do preço”, explica.
De casa o que é de casa
Misturar as contas do negócio com o orçamento doméstico é outro erro muito frequente e fatal entre os que estão começando a empreender pela primeira vez, conforme Maurício Vono. “A pessoa recebe o dinheiro das vendas do produto ou do serviço e vai usando este recurso em pequenas despesas do dia a dia, como um almoço fora, uma conta de luz, compra de um remédio. Isso traz um problema sério porque a pessoa vê o dinheiro entrando e acha que o negócio está bem, mas ela não tem noção nenhuma do quanto está gastando com o negócio e o quanto está lucrando, e se está lucrando”, alerta o especialista.
Vono explica que o correto é fazer o negócio funcionar dentro da receita que for apurada ao longo de um determinado período como a cada semana, ou 15 dias ou um mês e não misturar, de forma alguma, as despesas que são pessoais ou domésticas. “Ao final de uma semana ou um mês você separa todos os gatos que teve e veja qual foi o seu lucro. O dinheiro para compra dos insumos (ingredientes) tem que sair da sua receita apurada”, esclarece Maurício.
Capital de giro
Outra falha comum entre os empreendedores iniciantes, segundo Vono, é não separar o que a gestão financeira chama de capital de giro para manter um fluxo de caixa. “O dono do negócio precisa também separar parte da receita para esse capital de giro que é aquele recurso que irá ajudar a manter o negócio e aos poucos expandir. O ideal é que se você gastou R$ 100 para fazer três bolos e obteve R$ 200 de receita, desta receita é preciso separar os custos e também parte para o capital de giro, que será necessário quando essa quantidade de bolos encomendada aumentar”, explica.
Maurício Vono lembra, inclusive, que no começo, o empreendedor precisa comprometer um pouco sua margem de lucro para ter esse capital de giro. “Quem também começa um negócio com um investimento vindo de um empréstimo tem essa preocupação a mais, em também separar recurso para quitar o empréstimo, além do capital de giro”, acrescenta.
Público e divulgação
Por fim, o planejador financeiro destaca que outro erro comum a quem está empreendendo pela primeira vez é não ter uma boa noção do público ou dos públicos consumidores do seu produto. Maurício Vono explica que saber para quem vender implica, além do tipo e da qualidade do produto, mas também nas estratégias de divulgação e própria composição do preço.
“Dependendo do público você pode ter que trabalhar com uma margem de lucro maior ou menor. Pode ter que oferecer um produto mais caro. É a velha equação entre praça, promoção (como oferecer) e produto”, explica o especialista.
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