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Amazon avalia investir em Goiás após conhecer política estadual de IA

Amazon avalia investir em Goiás após conhecer política estadual de IA
Amazon avalia investir em Goiás após conhecer política estadual de IA

A iniciativa do Governo de Goiás de instituir a Política Estadual de Fomento à Inovação em Inteligência Artificial (IA) – já aprovada em primeira votação pela Assembleia Legislativa – chamou a atenção de gigantes do setor tecnológico com sede em Nova York, nos Estados Unidos. Na cidade desde o fim de semana para uma série de eventos e reuniões bilaterais, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) foi convidado pela multinacional Amazon para apresentar os detalhes da proposta goiana, a primeira política pública estruturada sobre IA elaborada por um estado brasileiro.

“Goiás saiu na frente e rompeu com o modelo restritivo que hoje o Congresso Nacional tenta reproduzir, inspirado na legislação europeia, e que acaba por dificultar o avanço da inteligência artificial e a atração de investimentos para o Brasil”, afirmou Caiado nesta quarta-feira (14/5), um dia após se reunir com o vice-presidente mundial de Relações Institucionais da Amazon, Shannon Kellogg. “Apresentamos um modelo moderno e aberto, voltado para quem enxerga a tecnologia, a inovação e a ciência como pilares do desenvolvimento. É esse o caminho que Goiás está trilhando: de incentivo ao conhecimento e à criação de um ambiente favorável ao investimento”, destacou.

“O nosso marco civil está 100% alinhado com a visão da Amazon sobre como promover o desenvolvimento responsável da inteligência artificial no mundo”, afirmou o secretário de Governo de Goiás, Adriano da Rocha Lima, que acompanha o governador na missão internacional. Segundo ele, há consenso entre o governo estadual e a empresa de tecnologia de que a proposta de regulamentação da IA, apresentada pelo governo federal e atualmente em debate no Congresso, é excessivamente restritiva e baseada em uma lógica punitiva. “Ela gera insegurança jurídica ao responsabilizar o desenvolvedor, que não tem controle sobre o processo de aprendizado da IA. Para nós, a regulamentação deve focar na aplicação correta da tecnologia e no seu uso ético”, resumiu o secretário.

Nesse contexto, a proposta de Goiás se destaca ao estabelecer uma abordagem abrangente e transparente para o uso da inteligência artificial. Entre as medidas previstas estão a criação de uma plataforma de software aberto — auditável e acessível à sociedade —, a implantação de um Núcleo de Ética em IA, a inclusão de conteúdos sobre inteligência artificial no currículo do ensino fundamental e médio, além da capacitação de servidores públicos para aplicação da tecnologia nos órgãos governamentais. A estratégia também contempla a chamada “diplomacia da IA”, com parcerias internacionais e integração entre centros de pesquisa globais e instituições brasileiras. Goiás já ocupa posição de referência na área, abrigando o Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG) — um dos maiores da América Latina.

Apoio financeiro

O vice-presidente mundial de Relações Institucionais da Amazon, Shannon Kellogg, revelou que a empresa já destinou US$ 21 bilhões à implantação de datacenters e estruturas voltadas ao desenvolvimento da inteligência artificial em duas cidades dos Estados Unidos — e que o mesmo montante pode ser investido em outros países que ofereçam ambiente propício para o avanço da tecnologia.

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Segundo Kellogg, Goiás já reúne os dois principais critérios exigidos pela empresa para receber esse tipo de aporte: segurança jurídica, garantida pelo marco civil da IA aprovado no estado, e o uso de energia limpa nos datacenters. Diferente do restante do país, Goiás conta com uma legislação específica sobre bioinsumos e já abriga cinco indústrias do setor, sendo uma delas controlada por uma empresa norte-americana.

“O executivo foi claro ao dizer que, sem segurança jurídica, não há investimento possível”, relatou Rocha Lima. Ele fez um alerta sobre o risco de o Brasil perder protagonismo no setor caso avance a proposta de regulamentação da IA já aprovada no Senado. “Se esse texto também passar na Câmara, perderemos uma janela de oportunidade única e, em vez de líderes, voltaremos a ser apenas consumidores da tecnologia desenvolvida por outros.”

Fotos: Alexandre Parrode


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Altair Tavares

Editor do Ciberjornal que sucedeu desde fevereiro de 2025 todo o conteúdo do blog www.altairtavares.com.br . Atuante no webjornalismo desde 2000. Repórter, comentarista e analista de política. Perfil nas redes sociais: @altairtavares

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