Decolou há pouco do Cairo, no Egito, às 19h03 (14h03 no horário de Brasília), a aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira com um grupo de 48 repatriados da Faixa de Gaza. A previsão de chegada à Base Aérea de Brasília é às 3h20 da madrugada desta segunda-feira (11/12). O acesso de profissionais de imprensa para acompanhar o desembarque poderá ser feito a partir de 1h30 e não é necessário credenciamento antecipado.
Desde o início do conflito no Oriente Médio, agora são 1.525 passageiros e 53 animais domésticos repatriados em 11 voos da Força Aérea Brasileira
O grupo conta com 27 crianças e adolescentes, 17 mulheres (duas idosas) e quatro homens adultos. Entre eles, 11 binacionais brasileiro-palestinos e 37 palestinos. Desde o início do conflito no Oriente Médio, agora são 1.525 passageiros e 53 animais domésticos repatriados em 11 voos da Força Aérea Brasileira, com três tipos de aeronave. Cerca de 150 militares e 37 profissionais de saúde se envolveram na logística. Mais de três mil refeições foram servidas em mais de 330 horas de voo sobre 16 países.
Assim que cruzou a fronteira entre Gaza e o Egito pelo portão de Rafah, no sábado, o grupo foi recepcionado pela equipe da embaixada brasileira no Egito, embarcado em vans locadas pelo Governo Federal e fez um trajeto de cerca de seis horas de viagem até a cidade do Cairo. Lá, descansaram, foram alimentados e avaliados por profissionais da área de saúde antes do deslocamento neste domingo para o aeroporto.
ADAPTAÇÃO
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Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, da lista de 102 brasileiros e familiares próximos apresentada aos governos envolvidos para autorização da saída da Faixa de Gaza, 24 tiveram a saída negada, incluindo sete brasileiro-palestinos. Com isso, alguns familiares dos que não foram autorizados também acabaram desistindo. Dos 78 previstos na lista autorizada, cruzaram a fronteira 47. Hoje, uma jovem de 22 anos que ja estava no Egito se juntou aos resgatados que virão ao Brasil. Ela é filha de uma das integrantes do grupo de repatriados em Gaza.
“Agradeço ao governo do Brasil pelos esforços. Sinceramente, o que a embaixada forneceu não é fornecido por nenhuma no mundo. Que Deus os abençoe e obrigado”, afirmou Marwan Abusaada. A esposa dele e duas filhas estão na lista dos evacuados de Gaza neste voo, incluindo a jovem de 22 anos. Ele e outro filho mais velho, de 24 anos, foram vetados pelas autoridades israelenses e aguardam nova chance em Rafah.
AJUDA HUMANITÁRIA
Um outro braço da Operação Voltando em Paz teve início na tarde deste sábado, quando uma aeronave KC-390, fabricada pela Embraer, decolou da Base Aérea do Rio de Janeiro rumo ao Egito com 11 toneladas de alimentos não perecíveis. A previsão de pouso em Al-Arish, cidade próxima à fronteira com Gaza, é para a manhã da próxima terça-feira (12/12). A iniciativa é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Este é o terceiro voo que sai do Brasil com finalidade humanitária. Em 18 de outubro, um VC-2 pousou no Egito com equipamentos de filtragem de água e kits de saúde. A carga continha 40 purificadores de água com capacidade de tratar mais de 220 mil litros por dia. Com tecnologia e fabricação brasileiras, os equipamentos são capazes de remover 100% de vírus e bactérias da água. O acesso à água potável é uma das maiores dificuldades enfrentadas pela população da Faixa de Gaza. Os kits de saúde atendem até 3 mil pessoas cada um ao longo de um mês e são compostos por medicamentos e insumos, como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, além de luvas e seringas. Ao todo, cada kit continha um total de 267 quilos de materiais.
Em 2 de novembro, um outro VC-2 da Presidência da República pousou no Aeroporto Internacional de Al-Arish, Egito, levando 1,5 tonelada de alimentos – arroz, açúcar, derivados de milho e leite – destinados à população da Faixa de Gaza, oferecidos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em nova ação de ajuda humanitária.
RESPOSTA IMEDIATA
– O mundo ainda assimilava o choque dos atentados cometidos contra Israel no sábado, 7 de outubro, quando o Governo Brasileiro deu início à mobilização para estruturar a retirada de brasileiros da zona de conflito.
No mesmo dia dos ataques, foi montado um gabinete de crise e, uma vez acionadas, as embaixadas do Brasil em Tel Aviv (Israel), do Cairo (Egito) e o Escritório de Representação em Ramala (na Palestina) deram início à operação diplomática para identificar quem eram e onde estavam os brasileiros na região conflagrada. Em paralelo, a FAB era acionada para garantir que as aeronaves pudessem resgatar os cidadãos nacionais no mais breve prazo possível.
Por meio de formulário online, cerca de 2,7 mil manifestaram interesse em retornar ao Brasil de Israel. Aqueles que não conseguiram lugares em voos de companhias aéreas privadas passaram a ser atendidos pela Operação Voltando em Paz, seguindo requisitos de prioridade para brasileiros sem passagens, não residentes, gestantes, idosos, mulheres e crianças. Até especialistas do Ministério da Agricultura foram envolvidos para garantir o repatriamento de animais domésticos. A operação também atuou para atender brasileiros na região da Cisjordânia e em Gaza.