O líder conservador Boris Johnson renunciou ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido nesta quinta-feira, 7, em meio à grave crise política que levou à demissão de mais de 50 integrantes do governo nas últimas 48 horas. Johnson confirmou o fim do governo em um pronunciamento à imprensa em frente à sede do governo, no número 10 de Downing Street, em Londres.
Os principais veículos de comunicação britânicos já davam como certa a renúncia do premiê na manhã desta quinta. Jornais como The Guardian, The Times, The Independent e The Telegraph, além da rede britânica BBC, amanheceram nesta quinta afirmando que a queda era inevitável.
A BBC informou que Johnson renunciará nesta quinta como líder do partido, o que significa que também deixará o posto de chefe de Governo. De acordo com o The Times, Johnson teria revelado a interlocutores que pretende anunciar a renúncia ainda nesta manhã, mas que pretende deixar o cargo apenas em alguns meses. “O primeiro-ministro disse aos aliados que quer ficar até a conferência do Partido Conservador em outubro, com um novo líder assumindo o cargo”, escreveu o jornal.
Mais de 50 pessoas entregaram os cargos desde as saídas do chefe do Tesouro, Rishi Sunak, e do ministro da Saúde, Sajid Javid, que renunciaram na terça-feira, 5, incluindo alguns dos nomeados por Johnson para ocupar os cargos recém-vagos.
O líder do Partido Trabalhista, principal força da oposição britânica, Keir Starmer, afirmou que a perspectiva de renúncia do primeiro-ministro é uma “boa notícia”. “A única maneira de o país ter o recomeço que merece é se livrar desse governo conservador”, escreveu Starmer.
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Johnson é conhecido por sua capacidade de ignorar escândalos, mas uma série de acusações criminais o levaram à beira do precipício, e alguns de seus colegas parlamentares conservadores agora temem que o líder conhecido por sua afabilidade possa ser um risco nas eleições. Muitos também estão preocupados com a capacidade de um Johnson enfraquecido de governar em um momento de crescente tensão econômica e social.
Meses de descontentamento com o julgamento e a ética de Johnson dentro do Partido Conservador do governo explodiram com as renúncias, que começaram a acontecer poucas horas depois de o primeiro-ministro apresentar novas desculpas ao admitir que cometeu um “erro” por ter nomeado para um cargo parlamentar importante Chris Pincher, um conservador que renunciou na semana passada e reconheceu que apalpou, quando estava embriagado, dois homens, incluindo um deputado, em um clube privado do centro de Londres.
Depois de afirmar o contrário em um primeiro momento, Downing Street reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado em 2019 sobre acusações anteriores contra Pincher, mas havia “esquecido”.
A isso se soma o fato de que, nos últimos meses, Johnson foi multado pela polícia e criticado pelo relatório de uma investigadora que aponta desrespeito às restrições contra a covid-19 impostas a outros, o escândalo que ficou conhecido como “Partygate”. (Com agências internacionais). (Estadão Conteúdo).
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