Os testes rápidos para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e que podem detectar a presença do vírus Sars-Cov-2 no organismo, foram liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estão disponíveis em várias cidades do País, inclusive pelo sistema de drive thru. No entanto, além de terem um alto valor para os interessados, eles não são consenso no meio médico e causam várias dúvidas entre a população. A infectologista Juliana Caetano Barreto, que atende no Órion Complex, em Goiânia, explica que apenas pessoas com sintomas devem realizar o exame e os resultados devem ser interpretados por um médico, mesmo que sejam feitos em casa.
“O grande problema é gerar uma uma falsa sensação de segurança e com isso uma pessoa infectada pode continuar transmitindo o vírus, visto que os testes rápidos podem dar falsos negativos”, detalha Drª Juliana. Ela acredita que é importante que haja uma testagem em grande quantidade da população, principalmente porque são exames que podem ser realizados por pessoas de qualquer idade. “Os testes em massa podem nos oferecer uma amostragem epidemiológica do comportamento do novo coronavírus aqui no Estado, mas isso pode esperar por mais um mês, ou mais, para um resultado mais realista”.
Ela explica que os testes rápidos são os chamados sorológicos e que detectam a presença de anticorpos no organismo do paciente. “Por isso ele deve ser feito após o sétimo dia que a pessoa apresentar os sintomas, é o tempo médio que o sistema imunológico leva para gerar os anticorpos”. Eles são feitos por uma metodologia chamada imunocromatografia (geração de cor a partir de uma reação entre o antígeno e o anticorpo). Se o resultado for positivo, é preciso buscar uma unidade básica de saúde.
Os exames são feitos com o uso de amostras de sangue, soro ou plasma e constatam a presença de dois anticorpos, as imunoglobulinas do tipo M (IgM) e G (IgG), produzidos pelo organismo do paciente para combater a infecção por Sars-CoV-2. Para sua realização, basta uma gota de sangue, colhida por meio de uma perfuração na ponta do dedo. Misturada a um reagente, ela é aplicada a uma tira, como num exame de glicemia. Se surgir um risco na fita, o resultado é positivo, ele leva de 10 a 30 minutos para ficar pronto.
Já entre os exames feitos em laboratórios para saber se a pessoa está doente tem o sorológico conhecido como Elisa, que se baseiam numa reação enzimática através de coleta de sangue, e o mais convencional, chamado PCR, que detecta a presença do vírus. “Ele é realizado através de biologia molecular e coletado por nasofaringe ou orofaringe com uma espécie de cotonete e que possui 63% de chance de acerto do resultado, porém nunca dá um falso positivo. É um teste que chamamos de padrão ouro”, esclarece a médica. Ela explica que o ideal é que este exame seja feito entre o terceiro e o décimo dia de sintomas do paciente.
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