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Categorias: Opinião

O “Cola” e o capitão

Ainda me lembro como hoje da eleição presidencial de 1989. O então “caçador de marajás”, Fernando Collor de Mello, devidamente recomendado pela Vênus platinada, passou por cima de Lula, o sapo barbudo de então, como um rolo compressor nunca visto.

Nos grotões, as enquetes eleitorais, feitas no dia da eleição, revelavam o tamanho do estrago. Em quem você votou, perguntavam os repórteres aos eleitores. Principalmente nas camadas mais humildes da população, o que se ouvia era: “No Cola, Cola, Cola, Cola”. Cola era o jeito simples que o povão se referia ao candidato do PRN, Fernando Collor de Mello.

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Eleito, Collor não só frustrou as expectativas dos incautos colloridos, como anunciou o maior confisco do dinheiro alheio que se tem notícia na história do Brasil, quando congelou os ativos financeiros, inclusive mexendo na caderneta de poupança. Acusado de atos de improbidade administrativa, enfrentou processo de impeachment. Naquele tempo a turma do “Cola, Cola” só tinha como referencial o noticiário da televisão. Não havia internet e quase ninguém lia jornal.

O Brasil de hoje, da era do tal Capitão, continua inculto, pouquíssimo proficiente em Português e Matemática, mas conta não apenas com noticiário da televisão, mas com complexa teia de redes sociais, nas quais letrados e iletrados saem por aí dizendo o que pensam, sem se preocuparem com o que é verdade e o que é fake news. O que é fato histórico e o que é boato.

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Para essa turma, pouco importa o que o Capitão foi no passado. Com quem ele andou e a forma pela qual se dirige às pessoas – mulheres, homossexuais – e às instituições.

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O mais engraçado é que boa parte dessa gente encantada nunca se preocupou com política, nunca atentou-se para o fato de que mais importante que a democracia é o seu aprimoramento. Isso se faz não apenas votando, mas fiscalizando a atuação do político que se ajuda a eleger. Com qual turma ele passou a andar e os interesses que passou a defender. Em 1989, os Cola também estavam se lixando para isso.

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Por fim, quando vejo cristãos, pessoas que se dizem seguidores dos ensinamentos de Jesus Cristo, enviando fotos para amigos pelas redes sociais, imitando a imagem de uma arma – símbolo máximo do Capitão – eu penso que se Jesus voltasse a esse mundo não seria mais pregado na cruz, mas dinamitado.

É de cortar o coração. Depois de um longo enfrentamento da Ditadura Militar, não conseguimos construir uma sociedade com mais escolas e menos presídios, com menos armas e mais flores.

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Marcos Cipriano é jornalista

Altair Tavares

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