As urnas deram nas eleições deste ano importantes recados. O principal deles é que está cada vez menor a margem para políticos que pensam em transformar a vida pública num balcão de negócios.
No melhor estilo de um forno microondas, a senhora urna deu um chega pra lá em muitos figurões da política brasileira. Alguns deles há muito tempo pensavam que não mais habitavam no pobre mundo dos mortais.
Nunca se viu uma revolta popular de tamanha dimensão. O povo cansou de pagar a conta. Chega de mordomias, chega de salários milionários, chega de acordos espúrios, de privilégios, gastança e farra como dinheiro público.
Claro que nem tudo é perfeito, porque a democracia não é um regime pronto e acabado. Teve gente que ainda elegeu um Tiririca, um Alexandre Frota e uma Flávia Arruda, mulher do ex-governador José Roberto Arruda, ex-deputado federal e ex-senador, que foi varrido da política chafurdado na lama da corrupção.
Pelo país inteiro – e Goiás não fugiu à regra – houve uma forte tendência de renovação, sob o prisma da alternância de poder.
O eleitor comportou-se na perspectiva de fazer justiça com o voto. Algo mais ou menos assim: a gente põe quando quer e tira quando quer.
Ficou muito claro que o brasileiro já não aguenta mais pagar a conta. Os custos da democracia ficaram alto demais: políticos, juízes, promotores, ministros, tecnocratas de toda ordem. Em miúdos: trocar aviões da FAB por voos de carreira, helicópteros por carros, jantares pomposos por um simples café da manhã. A era da festança com o dinheiro do povo acabou. Ou os políticos aprendem a lição ou serão literalmente apeados do poder.