Política

Caiado cobra soluções do governo federal sobre tarifaço na 15ª edição da Expert XP, em São Paulo

Caiado cobra soluções do governo federal sobre tarifaço na 15ª edição da Expert XP, em São Paulo
Caiado cobra soluções do governo federal sobre tarifaço na 15ª edição da Expert XP, em São Paulo

Mais proatividade e responsabilidade, e menos “palanque”. O governador Ronaldo Caiado voltou a fazer duras críticas à postura do governo federal diante do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, neste sábado (26/7). Dessa vez, durante um dos principais eventos econômicos do país: a Expert XP. Em sua 15ª edição, que se encerra hoje, o encontro é reconhecido como o maior festival de investimentos do mundo, promovido anualmente pela XP Inc. e sua corretora XP Investimentos. Cerca de 70 palestrantes expuseram temas relevantes no cenário nacional e internacional a mais de 45 mil participantes nos dias do evento.

Caiado cobrou soluções imediatas. Afirmou que o momento exige responsabilidade e diálogo, e pediu maior participação dos governadores nas decisões que afetam diretamente as economias estaduais. “É um momento de inquietação em todo o país. E o que se espera agora é lucidez, habilidade, capacidade de diálogo e soluções reais. Não se pode usar uma situação delicada como essa para montar palanque eleitoral”, afirmou. “Todos nós sabemos tratar isso com maturidade, buscando diálogo, solução. O Brasil é dos brasileiros. E nós, como governadores, precisamos ser ouvidos”, pontuou. 

Tarifa

Enquanto União Europeia, Japão, Indonésia e China já se reposicionaram e avançaram em acordos com os Estados Unidos, o Brasil, segundo Caiado, permanece preso a uma “queda de braço ideológica, cujo verdadeiro objetivo é eleitoral”. Segundo o governador, os reflexos da taxação já são sentidos em diversas cadeias produtivas, especialmente em estados exportadores. Ele citou impactos diretos na carne bovina, no açúcar orgânico e na exportação de rações — setores essenciais para a balança comercial de Goiás e de outras unidades da federação.

Caiado foi ouvido durante o painel “O Brasil que se constrói nos Estados”, ao lado dos governadores Ratinho Junior (Paraná) e Tarcísio de Freitas (São Paulo), com mediação de Rafael Furlanetti, diretor institucional da XP. “O Brasil está num momento muito difícil e a gente tem a missão de estar aqui para debater e de alguma maneira colaborar com o nosso país. Acredito que os governadores que estão aqui representados fizeram a sua lição de casa, de enxugar a máquina pública, trazer mais eficiência, trazer mais modernização”, afirmou Ratinho. 

“A gente tem consciência exata do momento crítico que o país está vivendo. O país está se distanciando das suas vocações, com uma carga tributária que vem aumentando; um imposto novo a cada 37 dias. Um país que está maltratando o seu empreendedor; um governo que prega a divisão”, refletiu Tarcísio. “A boa notícia é que nós temos um grupo que sabe exatamente o caminho, que tem a liderança para fazer uma reforma administrativa, trazer a desindexação da economia, fazer a desvinculação. Poder colocar o Brasil no eixo do crescimento, para trazer segurança e endurecer com os bandidos”.

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Ações

O chefe do Executivo goiano exigiu do governo federal soluções imediatas, aos moldes das que já foram apresentadas pelo Governo de Goiás. Dentre as quais, estão o Fundo Creditório, que beneficia o setor produtivo já a partir do mês de agosto, com estimativa de pelo menos R$ 628 milhões em créditos de Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços (ICMS) passíveis de utilização como garantia para acesso à linha de crédito. Nesta modalidade, são previstos R$ 314 milhões em créditos de ICMS e R$ 314 milhões provenientes de apoiadores do mercado financeiro que queiram aportar no fundo.

 A outra opção apresentada pelo governador é a utilização do Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq), um fundo público de natureza financeira vinculado à Goiás Fomento. Ele foi criado em 2020 durante a pandemia de Covid-19, com o objetivo de fornecer recursos financeiros para subsidiar o pagamento de encargos em operações de crédito. A terceira alternativa é a utilização do Fundo de Estabilização Econômica do Estado de Goiás, uma reserva financeira que pode ser utilizada em momentos de crise econômica para garantir a continuidade de serviços essenciais.

O Governo de Goiás também criou um comitê para garantir um contato diário e permanente com os empresários para que, junto à gestão estadual, busquem soluções e definam ações a serem tomadas para minimizar o impacto das tarifas impostas. Foram realizadas reuniões com os setores de Fármacos e Saúde; Carne, derivados e pescados; Mineração; Sucroenergético; e Soja e cítricos; para entender as demandas específicas de cada área. 

Presidencialismo

Caiado também defendeu mudanças profundas no modelo de governança federal, com críticas ao avanço do poder do Congresso sobre o orçamento da União. O atual sistema, ponderou, compromete o funcionamento do presidencialismo. “Hoje, não temos mais um verdadeiro presidencialismo. Essa é a verdade.” Ao relembrar seus 24 anos no Congresso Nacional, como deputado e senador, disse que emendas impositivas sequer eram tema relevante.

“A preocupação hoje é saber quanto cada um tem de emenda impositiva: se é emenda individual, de comissão ou de bancada.” Para o governador, essa distorção enfraquece o Executivo e gera um efeito dominó que já atinge estados e municípios. “A função do parlamento, num regime presidencialista, não é essa. É legislar, fiscalizar a aplicação do orçamento. Mas não querer ser o gestor daquilo que é responsabilidade de quem apresentou um plano de governo e teve o voto da população.”

Caiado também foi questionado sobre sua política de segurança pública em Goiás, tema que considera central para o Brasil. Ele relembrou o cenário de caos encontrado ao assumir o governo: “folha de pagamento atrasada, corrupção generalizada, criminalidade desenfreada”.

Com medidas rigorosas, como a restrição de regalias em presídios e fortalecimento da polícia com corregedoria austera, Goiás passou a ser referência nacional no setor. “Facção lá dentro não tem vez. Não tem visita íntima. As conversas com faccionados são gravadas”, declarou Caiado.

Fotos: Hegon Correa


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Altair Tavares

Editor do Ciberjornal que sucedeu desde fevereiro de 2025 todo o conteúdo do blog www.altairtavares.com.br . Atuante no webjornalismo desde 2000. Repórter, comentarista e analista de política. Perfil nas redes sociais: @altairtavares