Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, não tentou dar um golpe de Estado em 2022. Segundo ele, o ex-presidente apenas discutiu a possibilidade de uma ação que, em sua visão, estaria dentro dos limites da Constituição.
As declarações foram analisadas no canal do YouTube do portal de jornalismo independente Meio. O editor Pedro Doria comentou a entrevista e destacou o que considera serem as entrelinhas do discurso de Jair e Flávio Bolsonaro.
“Ele quer que o presidente apoiado por Bolsonaro, caso eleito, enfrente o Supremo Tribunal Federal. Que desobedeça a uma ordem do STF, caso a Corte decida que um perdão aos golpistas atuais é inconstitucional. Por que isso é um golpe? Porque um golpe de Estado é justamente a ruptura da Constituição. É quando se usa o poder dentro do Estado para mudar a ordem política”, explicou Doria.
Perdão
Para o jornalista, o candidato que contar com o apoio do bolsonarismo em 2026 terá que adotar uma postura radical e se comprometer com a pauta da anistia geral. “Eles não negam mais o crime. Agora, querem o perdão presidencial”, afirma.
Pedro Doria também analisou o papel do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apontando-o como o principal nome da extrema direita. Segundo ele, Tarcísio deve escolher como vice a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Para ser o candidato da direita bolsonarista, no entanto, terá que radicalizar ainda mais seu discurso.
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Esse cenário, de acordo com Doria, pode até favorecer o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que tenta se viabilizar como uma alternativa de centro-direita. “O governador goiano tem partido grande, tem dinheiro, mas enfrenta dificuldades para se projetar nacionalmente. Ele não decola. Claro que, se estiver sozinho no jogo contra Lula e Tarcísio, tem algum potencial de crescer como opção para quem não quer nem um nem outro”, avalia.
No entanto, o analista político alerta que a união da direita em torno de Tarcísio pode isolar Caiado. “Pode ser que PSD e União Brasil acabem impedindo a candidatura do goiano. É uma corrida difícil, com quase todas as forças da direita fechadas em torno de um único nome. Periga até o União puxar o tapete debaixo dos pés de Caiado”, conclui.
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Altair Tavares

Editor do Ciberjornal que sucedeu desde fevereiro de 2025 todo o conteúdo do blog www.altairtavares.com.br . Atuante no webjornalismo desde 2000. Repórter, comentarista e analista de política. Perfil nas redes sociais: @altairtavares