Lançada oficialmente a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) de vice, a estratégia do petista entra em uma nova fase. Agora o desafio é buscar melhor posicionamento nas redes sociais, afinar o discurso e ganhar espaço no Sudeste.
Para emplacar um novo rumo à campanha, o PT ainda precisa organizar o comando da comunicação, que sofreu um apagão nas últimas semanas com a saída do ex-ministro Franklin Martins do posto. Na sexta-feira, 6, o partido definiu que o deputado federal e ex-presidente nacional da sigla Rui Falcão (SP) dividirá a área com o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva. Ainda não está claro como será o comando conjunto.
A ideia é que, nesta primeira semana, enquanto Lula, que lidera as pesquisas de intenções de voto, dá a largada em viagens pelo País como pré-candidato, Rui e Edinho façam um diagnóstico do que já foi estruturado por Franklin – e também tracem exatamente o que demanda mudança.
O PT escolheu Minas Gerais como primeiro destino de Lula após o lançamento da chapa com Alckmin, oficializada no sábado, 7, em evento em São Paulo. A campanha de 2022 mira não só os votos de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, como também quer angariar sólidos apoios no governo estadual nestes três Estados
Enquanto Jair Bolsonaro (PL) goza de aprovação no Centro-Oeste, Sul e Norte, Lula conta com o Nordeste e quer ampliar sua base política no Sudeste. Mas o ex-presidente chega a Belo Horizonte nesta segunda-feira, 9, já em meio a um impasse: as negociações com o PSD para formação de um palanque com Alexandre Kalil estão empacadas.
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Petistas minimizam o problema e dizem que é Kalil, ex-prefeito da capital mineira, quem precisa do apoio de Lula para enfrentar o governador Romeu Zema (Novo), não o contrário. “O palanque de Lula é o próprio Lula”, disse Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do PT, no sábado.
O partido busca ainda ampliar o arco de alianças – nos partidos e na sociedade civil – com a ajuda do marqueteiro Sidônio Palmeira. Para isso. Alckmin terá papel fundamental, não apenas para abrir caminho com o agronegócio como também para desarmar o espírito entre resistentes e dialogar com a classe média.
Uma das certezas na nova fase da comunicação é que é preciso ganhar espaço nas redes sociais, onde o partido patina enquanto os aliados de Bolsonaro navegam com facilidade. Parte dos envolvidos na campanha, no entanto, justifica que há um teto no qual o PT deve esbarrar, em razão do conteúdo que pretende veicular.
A mensagem que Lula quer passar durante a campanha é a mesma apresentada no ato da pré-candidatura: a de que ele será um candidato capaz de colocar o País de volta no rumo da “normalidade”, de respeito às instituições e governo pacífico. Mas o que mais gera engajamento nas redes sociais, dizem os petistas, são as publicações com ataques, ódio e “confusões”, algo que os bolsonaristas exploram. E isso a campanha “não fará”, afirmou um integrante da cúpula da sigla.
Ruídos
O próprio ex-presidente é um desafio para uma campanha sem ruídos. Confiante em seu tino político, Lula costuma falar de improviso, o que o fez levantar debates nas últimas semanas que preocuparam aliados. É o caso, por exemplo, da fala sobre aborto, que muitos consideram que mira a base de esquerda, mas tende a afastar eleitores considerados mais conservadores.
A estratégia de presença em redes sociais contará com o apoio de influenciadores que possam dar capilaridade à mensagem petista nas redes sociais. Por isso, ex-participantes do Big Brother presentes no evento de sábado ganharam destaque nas postagens feitas pela equipe de Lula – mais do que quadros históricos do partido, que ficaram de fora de fotografias exploradas pela campanha nas redes.
Com a saída de Franklin e o novo comando de comunicação, a campanha também espera melhorar a coordenação com o próprio PT. O ex-ministro, segundo dizem aliados, tinha pouca interlocução com a base do partido.
Rui e Edinho não conseguirão manter dedicação integral ao cargo. O primeiro tem sua própria campanha a deputado federal, além das atribuições na Câmara. Já Edinho continuará com a base em Araraquara, como chefe do Executivo local. Houve desconfiança interna sobre a colocação de Rui na comunicação, já que ele foi um dos críticos à aliança com Alckmin. A resistência, prometem aliados mais próximos, ficou no passado. (Estadão Conteúdo).
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