Presidente deve anunciar medidas para enfrentar a crise local frente a maior reserva indígena do país
Não é um assunto muito compartilhado, mas a situação na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, é de caos. Quem afirma são as autoridades indígenas locais, ao afirmarem que, nos últimos anos, sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a fome e as doenças, que até então são tratáveis, estão matando pessoas, principalmente crianças Yanomami, desse povo originário, no maior território indígena demarcado do Brasil.
Após diversas denúncias e comprovação dos fatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Boa Vista, capital de Roraima, neste sábado (21) e deve anunciar medidas para enfrentar a crise sanitária na saúde dos Yanomami. O Ministério da Saúde, antes da chegada do chefe do Executivo Federal, já havia declarado a situação como emergência de saúde pública.
Além de Lula e da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, técnicos do Ministério estão presentes na ação da Terra Indígena. Os ministros comprovaram os quadros de desnutrição e doenças das crianças. Os servidores entraram na reserva na segunda-feira (16), em missão oficial para elaborar o diagnóstico da situação.
Ainda sobre as denúncias, autoridades indígenas revelaram, por meio de veículos como a Mídia Ninja e a Sumauma Jornalismo, que a região dos indígena sofre com a invasão de mais de 20 mil garimpeiros, a maioria agindo de diversas formas ilegais. Dados e fotos comprovaram, aliás, que a ação do garimpo aumentou o número das mortes de crianças Yanomami com menos de 5 anos por causas evitáveis durante o governo Bolsonaro.
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O aumento, segundo a Sumauma, foi de 29% desde o governo de Dilma Rousseff e de Michel Temer, e durante os 4 anos de sua gestão, 570 crianças morreram por doenças que podem ser tratadas. Uma das pessoas ouvidas na reportagem disse que não conseguiam contar os corpos, por um cenário de fome que atinge os quase 30 mil Yanomami. Somente em 2022, 99 crianças Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região.
Vale lembrar que o justificou as mortes precoces na região foi a expulsão dos trabalhadores da saúde pelos garimpeiros sob ameaças e violência. O projeto de desmonte da saúde indígena e da proteção para esses povos na Terra Indígena Yanomami resultou, por exemplo, com o aumento de casos de malária. Aliás, a cloroquina, que é um remédio para tratar malária, ficou em falta por conta da busca para tratamento – comprovadamente ineficaz – contra a Covid-19.