Pesquisas • atualizado em 28/07/2023 às 18:37

“Prefeito com boa aprovação de gestão, tende a ser reeleito”, explica Luiz Felipe Gabriel

Especialista em pesquisas eleitorais explica sobre avaliação de gestão e os impactos na campanha
Luiz Felipe Gabriel, presidente do Instituto Verus (Foto: Divulgação)
Luiz Felipe Gabriel, presidente do Instituto Verus (Foto: Divulgação)

O especialista em pesquisas de intenção de voto, Luiz Felipe Gabriel, do Instituto Verus que o principal indicador de desempenho de uma gestão é o índice de aprovação que a administração tem junto ao eleitor. Usando o matrimônio com o efeito de comparação onde o cônjuge só pede divórcio quando a relação fica insustentável, o profissional avalia que o eleitor também faz o mesmo, com um prefeito ou governador que vai para sua reeleição.

“O prefeito é igual ao casamento. É uma relação próxima e íntima para a cidade. A pessoa só troca de marido ou de mulher, quando não tá bom. Se para metade das pessoas estar bom, a tendência é não arriscar uma troca. Em time que tá ganhando não se mexe”, compara ao sacramentar: “Com certeza, é o principal indicador do desempenho de uma gestão.”

Para justificar a tese, Luiz Felipe argumenta que o eleitor prefere dar continuidade a uma gestão que está indo relativamente do que arriscar com um candidato que pode levar o município a derrocada. “A população já teve experiência de gestões ruins e frustrações em todas as instâncias e a tendência é forte de que o gestor que esteja com uma aprovação boa se reeleja. É pouco provável que ele não se reeleja”.

Há alguma exceção? “A não ser que o outro candidato seja muito atrativo e oferece uma perspectiva fantástica e isso é muito raro de acontecer”, pontua antes de sentenciar: “Via de regra um prefeito com boa aprovação tende fortemente a ser reeleito”, crava.

Qual o índice mostra que a população gosta de um prefeito?

Luiz Felipe explica que o percentual que classifica uma boa administração é “50% mais um”. “Se metade das pessoas mais 1 estiverem numa visão positiva da gestão, você tem uma maioria absoluta de cidadãos aprovando a gestão”, pondera. 

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O especialista explica que, do outro lado, a fatia de eleitores que não souberam avaliar, que classificaram entre ruim e péssimo e os que avaliam a gestão ‘regular’. “Diluí esses 49% e você pode até brigar pelo voto do regular. Obviamente, em eleições polarizadas se tem menos regular e mais ruim e péssimo”, pontua.

Há algum problema com altos índices de rejeição? “A rejeição muito grande pode atrapalhar, mas se o gestor tiver uma aprovação acima de 50% não é suficiente para impedir a reeleição dele”, explica. No entanto, Luiz Felipe explica que mesmo índices menores que 50% ainda dá para o candidato chegar competitivo numa eleição. “Agora, veja bem, com menos 50% vai bem também. Entre 40% e 50% é um número razoável para se tentar reeleição”, salienta.

Luiz Felipe explica que isso é possível por conta de uma mudança no comportamento do eleitor. “O cidadão está mais exigente, cético, crítico. Ele está polarizado e observando cada gesto e palavra dos candidatos e dos gestores. Então, conseguir esses 50% é realmente um grande feito. Não é para qualquer um. 40% é um número razoável”, destaca.

A diferença entre avaliação da gestão e do gestor nas urnas

Parecem iguais, mas são diferentes. Ou quase. Na avaliação de Luiz Felipe Gabriel, quase não há diferença entre avaliação da gestão e a do gestor. “A mesma coisa. A diferença é mínima e tende a ser irrelevante”, crava. “O que eu penso do prefeito é o que eu sinto da prefeitura e o que vai me levar ou não, é uma avaliação conjunta. Mistura-se a pessoa do prefeito com a gestão”, destaca.

A tendência então, é que especialmente ao longo da gestão do político, ambos se misturem e se fundam. “Torna-se uma coisa única à medida que vai avançando a situação do pleito na eleição. Isso vai se fundindo e vai diminuindo essa diferença”, destaca. Gabriel explica, no entanto, que há uma certa complacência do eleitor com relação a figura pessoal do candidato, mas que isso não reflete na urna.

“As pessoas são complacentes quando vai avaliar a pessoa. ‘Ele não é uma má pessoa. Não é um bom prefeito, mas não é má pessoa’. Mas daí, ter uma aprovação é dificil. Fica no regular e é uma coisa só. Ele pode ser lindo, maravilhoso, uma pessoa agradável, mas se ele faz uma má administração a tendência é não gostar dele”, pondera.

Transferência de voto

O prefeito que possui boa aprovação e está em segundo mandato. Não dá para ir a reeleição e tem trabalhado para fazer um sucessor. Dá para transferir os votos e a consequente aprovação? “É a pergunta que fica no ar e de um milhão de dólares nas eleições. A resposta é que não é fácil por melhor que esteja o prefeito, o cidadão que ele ungir, se tiver um adversário forte, ele não transfere. Não transfere”, salienta.

Felipe pontua políticos que apostaram nessa estratégia e acabaram dando-se mal. “O cidadão vota na pessoa. Se gosta, ele vota nele. Óbvio, isso favorece, mas há casos de fracassos dessa estratégia são muito grandes. Não tem nada garantido. É diferente ele ser candidato, ou indicar alguém”, pondera.


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