O Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), unidade da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), realizou, na última segunda-feira (6), sua primeira captação de órgãos. O procedimento resultou na doação dos rins de uma criança de 2 anos, diagnosticada com morte encefálica, que foram destinados a outra criança no Rio Grande do Sul. Esse marco representa um importante avanço para a unidade, que agora integra a rede estadual de doação e transplantes de órgãos, coordenada pela Central de Transplantes do Estado de Goiás.
Este marco só foi possível graças à generosidade dos pais do pequeno, que disseram “sim” à doação. “Salvar outras vidas e deixar um pedacinho dele por aí” foi o que levou a família a autorizar a doação. Saber que a doação poderia salvar outras vidas trouxe conforto em meio à dor da perda. “Por esse sim, salvamos outras vidas”, declarou o pai do doador, que deseja que o gesto do filho seja lembrado como “uma esperança” para outros.
“Esse momento é um marco para o Hecad. Estamos dando início a uma nova fase, contribuindo para o sistema estadual de transplantes e reforçando nosso propósito de cuidar de vidas e nosso compromisso com a saúde pública. Nosso objetivo é aprimorar continuamente esses processos, multiplicando oportunidades de salvar vidas e trazendo esperança para muitas famílias,” destacou Divino Ronny Rezende Junior, Diretor Geral do Hecad.
A gerente da Central de Transplantes de Goiás, Katiuscia Freitas, destacou a importância do momento: “A Gerência de Transplantes de Goiás (GERTRAN/SES-GO) vem atuando no fortalecimento das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, e o registro da primeira doação de órgãos nesta unidade demonstra a qualificação da equipe, o compromisso, a humanização do atendimento e o acolhimento aos familiares.”
Katiuscia também enfatizou que a entrada do Hecad na rede estadual de doação e transplantes de órgãos representa um avanço significativo para o estado e uma contribuição essencial para a fila do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). “Importante destacar que a unidade é referência em pediatria e que doações pediátricas atendem a uma lista nacional específica da pediatria, que atualmente tem cerca de 1.300 crianças e adolescentes.”
A fila pediátrica é ainda mais sensível que a de adultos, pois o nível de aptidão para a doação considera, além da compatibilidade sanguínea, o peso e o tamanho do doador, fatores cruciais para o sucesso dos transplantes infantis.
Ela concluiu reforçando o papel fundamental dos profissionais envolvidos: “O engajamento e dedicação dos profissionais que atuam com essas famílias, bem como o processo contínuo de qualificação, fazem toda a diferença nos processos de trabalho e acolhimento familiar. Com este gesto de generosidade, solidariedade e altruísmo, o ‘sim’ desta família para a doação de órgãos proporcionou esperança e vida a outras pessoas que aguardavam na lista por um transplante.”
Com os rins doados, uma criança no Rio Grande do Sul recebeu uma nova chance de vida. Esse gesto de solidariedade da família do nosso pequeno paciente ressalta a importância da doação de órgãos e a necessidade de cada vez mais pessoas comunicarem seu desejo de doar aos familiares, contribuindo para salvar vidas em todo o país.
Como funciona a doação de órgãos?
No Brasil, a doação de órgãos só acontece após o consentimento da família, por isso é essencial que a pessoa converse sobre isso com os familiares e expresse seu desejo de ser um doador. Os pacientes aptos a doar são aqueles com diagnóstico por morte encefálica, ou seja, vítimas de dano cerebral irreversível. Vale lembrar que a doação só ocorre após um rigoroso protocolo de segurança para diagnóstico e confirmação da morte encefálica, o que possibilita à equipe médica e multidisciplinar uma conversa imediata sobre a doação de órgãos.
Um único doador pode salvar até 8 vidas. Podem ser doados os seguintes órgãos: coração, pulmões, fígado, intestino, pâncreas e rins. Além dos seguintes tecidos: córneas, pele, ossos e válvulas cardíacas. O procedimento é realizado no centro cirúrgico da unidade e não viola o corpo do doador, podendo este ser velado normalmente.
Foto: José Pantaleão/Hecad
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